segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Assertiva da Inércia

Tudo
o que não é
passo

é

fuga

domingo, 7 de dezembro de 2008

Resnovação

Olhando vivendo e falando ao redor
Percebe-se a transa catódica

de um lado a falência
do amor represado
e de outro pulos
nascer pudorado
da paixão
em seu ensaio alegre

nunca antes, nunca antes, sempre depois
vivemos agora, vivemos sempre o que nunca foi
(nos abismos de cada uma das relações)
a possibilidade pulsante do resgate lisérgico

amor olhar conversa
conversa amor olhar
olhar conversa amor
sem dor, sem mar
nessa vida
só presta existir
se for pra se amar

nos olhos sorrisos do encontro acaso
escondido no seio da gargalhada
o convite esperado de outro
as pernas abertas da nova risada

Brincadeira sim,
sem fim, sem começo
mas que roda em torno de si
nas nuvens do nascer tropeço
desse poente de encontros
das pessoas vivas na ciranda do amar

A "família" torna-se Família
enfim, no fim, um jardim
todos sonhando, brincando e dançando

e os contratos assinados nas relações?
queimados para sempre queimados serão
paixão exalando cheiro de sexo ardente
no ar um dia nauseante das grandes cidades

ei, você
sim todos vocês
já chegou a hora, ela sempre chegou
sempre esteve ai
vamos abandonar essa velha maneira
olhar-se verdadeiramente
e se apaixonar pela vida inteira

ei, sim eu, sim nós
vamos inventar nossas paixões coloridas
recriar realizar e viver
o novo amor tântrico alquimista
que corre louco pelos campos do amanhecer

(já estamos vivendo o coração cantado
foram os covardes sem dó deixados

pra amar só precisa coragem)

As podres instituições já cairam um dia
falta apenas queimar as ruinas que restam
e arremassar-se na tempestade
para amar tanto a si mesmo e a vida
a ponto de apaixonar-se sem reservas
por todos os outros caminhantes da viagem

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ser Humano

Mergulhados na insanidade
Esses humanos
Ainda sabem quem são
Ou quem
Poderiam ser

Transbordando o que não me é
Ainda posso alcançar
Aquilo que fui
Ou o que
Ainda sou

Essa descontinuação de sentido
Que se perpetua
Como se o fim não conhecesse,
Engole
O mundo, o sentido, os olhos
E por fim a vida

Mas por trás de todo o lixo,
No profundo de toda a dor,
Dentro daquilo que pulsa
Ainda sou
humano

Representação da Crueldade

Se a vida é um teatro
E além de mim só existe representação
Que seja o espetáculo feito de sangue
Para que ao menos haja inspiração

Se ao meu redor se encenam atos
Exijo risada e tragédia a permear o teatro
Não quero uma peça fria
Que deixe minha vida sendo média
Ainda escondida sob a covarde hipocrisia
De não reconhecer a tragédia
Que se vive diariamente nesse palco

Jantar Ontológico

Meus olhos ardentes.

Cores invasoras

A fazer um “ver”

Que, finalmente

Não mais é meu


Minha alma se dissolveu

Tornou-se uma sopa

Sorvida solenemente

Por vários cérebros.


Percebo em meio a eles

Perdido, frenético

O meu

O Poço de Alucínia

Vamos mergulhar no poço de Alucínia
Para sair de lá embriagados
Vamos sorver seus lábios loucamente
O espirito finalmente liberado

Enlouquecidos voaremos
Pelo caos multicor parido pela Lua
Esquecidos da vida enfim seremos
Os soberanos da verdade nua

Pelos instantes sem memória
Voando com vento
Descolando o sentido lógico
Louvando o esquecimento

Quando finalmente
alucinados e cansados
Nos deitarmos em relva serena
Não mais seremos cegos e inconscientes
Acerca da cósmica verdade plena

Espantalho

Solto dança, livre canta
conectado como um espantalho
ao vento atrelado
Descolar sentido para voltar
ao mundo de olhar encantado

Egocentrismo

Eita...

Quanta pressa,

Pra que correr tanto

Se a aurora está tão linda?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cansaço

Em silêncio e aos poucos
O clima de cansaço geral
gestado na sobrevivência sem paixão
engole e envolve os seres urbanos

Através dos edifícios da cabeça
penetra a alma como um prego
o veneno anestésico da existência

Dopados no torpor da vida insossa
(por entre deveres e compromissos da rotina)
Cambaleiam e se arrastam
Insensivelmente, destrutivamente
O sono corrói os corações asfixiados

Desafio

Como tornar a rotina da sobrevivência
Um cotidiano orgiástico de prazer em vida?

Em nossos tempos de morte inconsciente
Nem a paixão resiste às convenções
Que tornam o tesão e a entrega
Simples obrigação e cumprimento de expectativa

Sobre o excremento

As Ilusões do ego engordam
Da própria merda

que defecam

Regurgitar a lama caótica
e fétida
È a única escolha para atingir a inspiração

Sonhos ensandecidos
Por putas loucas
Atormentam e assombram
os bons corações

Sobre a paixão

Pode-se pedir mais do que
O delirante jogar hipnótico
Que leva ao torpor lúcido da paixão?

Concretizar os devaneios
É um mero detalhe frente à magia
De tornar abertos os portões da alma
À doçura melancólica da poesia

Mãos Atadas

Não existe o tempo
De ilusão moldável não passa a matéria
A verdade é
(a não existência da própria)
Inconsciência de merda que torna a vida séria

Exploro a inexistência visceral dos seres
Encontro meu mapa na subjetividade infinita
Nas cartas suicidas e nos entorpecentes
Nos cantos às paixões desiludidas

Não serei cantor da canção da morte
Ela assovia a si mesma em cada ouvido
Quem tiver audácia que ouça
E pare de significar a vida com a falta de sentido

Não me afasto dos auspícios transcendentais
Não fujo da nossa podridão eloqüente
Mãos atadas por laços que nos tornando iguais
Caminhamos juntos para o fim
Todos condenados a existir
Nas regras cósmicas universais

Nosso futuro é desvelar a podridão do presente
O passado, o tempo, o real?
Apenas pão e circo para os inconscientes
Meu poema é (não matéria moldável)
Lixo regurgitado pelo abismo de viver

Vertigem

Quando iremos nos olhar
(como tantas vezes fizemos e não assumimos)
Compartilhar as verdades e as dores
Que sabemos serem as mesmas?

O brilho que tenho em meu olhar
Só existe quando você o reconhece
A explosão esmeraldamente purpúrea do seu
Existe no horizonte do meu
E por isso ele brilha, ainda

A coragem um dia nos seduzirá
A ponto do torpor da vertigem
Explodir a nossa alma em um salto sem fim

Gargalhar sobre as besteiras, ilusões e dores
Com a leveza do vento
A acariciar nossos cabelos
Durante a loucura infinita do salto...

Só isso
Isso simplesmente

Compartilhar a entrega da paixão
E esquecimento do mundo
Que viveremos juntos
Quando formos capazes de encantar a vida

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

obviedade poética (metaniilismo)

Não digo
Não direi
nada inédito

Nadando
No oceano óbvio
escrevo ainda

Não posso
Não quero
Nem penso
deixar de sentir
Os mares de Alucinia

Resposta à Urgencia da Sobrevida

O ser responde ao contexto
Sendo este capaz de sedurzir-lhe as entranhas,
Caos regurgitado em resposta

Palavras exprimem medo,
A busca de capturar os sentimentos
Como se estes fossem borboletas
A Navegar nos ares da matéria

Nas noites escuras e ruidosas
Arrastam-se em frenesi de sangue
Os corajosos desertores da sobrevivência

Se o fazem é por serem loucos, santos
Os mais puros entre os incautos

Trazem no peito a coragem generosa
Prazer, luxúria e Sonho eternos
Enquanto a estrada aceitar o caminhar

Imponderável Dança

Estariam os conscientes
Condenados às amarras
Dos questionamentos?

Seria a irracionalidade
A prostituta a oferecer
Os goles da verdade?

Escárnios do abismos profundo
Da alma que não existe em si mesma
Guardando as dores
Junto com a maior potencialidade
de existência da vida

As almas dançantes, todas sem exceção
Devem bailar o Caos,
Perderem-se na loucura
Antes de realizarem os passos da salvação

Significados Comunicantes

O Real está liquído
Sátiras invisiveis para os corajosos
A gelatina inconstante

Transbordou...

Levou consigo a esperança da consistência

Cotidiano

Enganações sucessivas, diárias eu diria
Simulacros mal feitos da podridão interna

Por que não!!??

Acordar seria perfeito
Morrer, Saber morrer melhor ainda

Mergulhados na Embriagues da paixão
Viveriamos
oprazercaosloucura
gozogargalhadasorr
isotoquetesãoespiri
todesejoamarcheiro
sonhospoesiapazsex
oentregasentimento

Durante um dia
Para morremos
em paz

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um dia para esquecer

E se um dia eu te convidasse para uma viagem
(Para livrar-se de si mesmo em um momento infinito)
Onde estaria, enfim, sua coragem?

Esquecer nossos nomes enquanto deciframos
Cada pedaço das nossas almas em presença
Seria apenas o começo
Do dia em que finalmente esqueceríamos
Compromissos, inconsciência e crença

Esquecer seria o nosso único principio
Pois cada coisa que esquecemos
Estamos mais próximos de próprio inicio
Da estrada para o presente pleno

Não haveria amanhã, compromissos ou promessas
Não haveria nome, preconceito ou pretensão
Apenas uma vontade louca de estar presente
No dia em que finalmente
Existirmos com paixão

Sem medo, sem risco
Sem futuro ou planejamento
Apenas a entrega, o deleite e os olhos
O corpo e amor sem tempo!

Sem contar a leveza das coisas que faríamos
Enquanto ainda estivéssemos dispostos
A nos embriagar na correnteza do esquecimento

Metapoesia Temporal

Palavra... Verso... Pedras...
(Fúria sobre o telhado do ser)
Buracos abertos
escorrem
Cachoeiramente

O líquido tempesto
Represalmente Sentimentado
Inundará um papel

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Caminhando A Arte

O período entre uma poesia e outra
dói
a diferença entre arte e vida
acaba

Não sei mais onde derrubei
meu eu
Andar com os bolsos furados
abre espaço para o acaso

domingo, 12 de outubro de 2008

Esperas Em Noites de Chuva

O que fazer quando é tudo possível?
fazer algo não transcende a ilusão

Cortar a cabeça, devora-la
Nada além de golpes violentos
Na propria cabeça, na própria cara

A tempestade leva a tudo, purifica tudo
o que nos resta é esperar
aceitar em nossos corações
o perdoar pleno das gotas de chuva

sábado, 11 de outubro de 2008

Poema pra daqui a pouco

Assim como veio
Assim mesmo foi
veio como foi
foi mesmo vindo

amor é assim mesmo
sendo mesmo amor
vem vindo vai
fica mesmo indo

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Convite

Colheitas de sonhos
Surreais
Certo convite esperado
Rompe, rasga

Portais

Choverá cristalinamente
Amor enfim:
Umida a realidade ressecada

Ressacada

Ressaca de ondas sugestivas
Abalam a certeza
inexistente
Estou esperando
flutuando
O corpo ainda não vive
A Alma sente

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Amor Náufrago

E é tão fácil se apaixonar
Ouçam o vento que sopra meus caros,
A melodia que desconcerta a lógica
se capta na embriagues da atenção

E é tão fácil se apaixonar...
Seriam apenas seus olhos, esmeraldamente hipnóticos
Ou foi por causa do desenho perfeito
Da boca do corpo... tudo?

"Loucura, risco, insensatez"
Dizem todas vozes de canto cego
Quero apenas o momento
mesmo,
não não,
reproduzir as expirais de expectativas
não não (ilusão de efemeridades)
Apenas o momento existe, esquecimento é a eternidade

O silêncio do teatro seduziu-me
Calou as vozes do mundo,
Ressoou o suspiro que derreteu minha descrença
A emoção corporificada no ofegar do seu corpo

Rodoram-se os discos da vitrola da consciência
Apenas a arte ritualisticamente oferecida à vida
Aproxima-se das praias do sentido, da verdade
Chiados ocultos são a perfeição
beber o vinho é o toque e o convite dos xamãs do passado

Ego é miragem,
apenas miragem
gerada pela fome daqueles todos nós perdidos
na ilha esquecida da realidade
que teima em não esquecer a si mesma

Mas os deuses são bondosos
o amor beija e enamora-se nas praias a todo momento
"coragem, coragem" berram os nativos
apenas isso para afogar-se nas ondas

Há que se pôr em perigo, jogar-se no mar
no céu, na imaginação sem fim
o Risco nos arranca o que somos de fato
podemos enfim berrar, busquem o perigo

eram esses os ensinamentos do feiticeiro tribal
dos tempos do esquecer em fases de alucinação
(ecoam nos subterrâneos da ilha para sempre)

A Paixão é risco,
rasga-me o corpo a alma o cérebro
em pedaços,
petiscos para os corvos sedentos
que voam sobre os céus de Alucínia

Não é amor, talvez não conheça-o de fato
a não ser por alguns momentos, alguns estados de espírito
Não é promessa e futuro
Apenas um toque, apenas um diálogo de olhos
seria sim o suficiente
para o maior dos amores mergulhado na maré do agora

Mergulhou-se, Mergulhei, Mergulhamos
Beber toda a essência sem hesitar
a hesitação foi esquecida, tudo se esqueceu

O amor se faz a cada instante
a cada inundação
quando acumulam-se as gotas e as ondas
da tempestade da entrega

Amor Náufrago II

Delineadamente perfeita
(A vitrola do tempo se aciona...)
consciência em altas doses,
(O mar verde do olhar esmeraldamente hipnótico
A descrença derretida temperando a paixão)

Se havia medo derreteu-se
sobrou o amor

A tempestade pode levar a todos:
Ela sempre esteve
disposta a isso

Amor Náufrago III

Não poderia me alucinar e me apaixonar
Sem narrar

moldar tudo pela criação
Metamorfosear o real improvável e chato
em mundo alucinático de fantasia verdade
Meu espirito no imaginário é outro
Ela é na criação, real possível

O nós de cores cênicas e explosivas
Derramou-se e corroeu a mascara do "real"

Somos de algum jeito amantes
em algum lugar que não "esse"

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Desta vez não existem Trevas. Desta vez não existem Sombras. Desta vez não existem Máscaras...

Existe um solitário e pensativo ser, que espera nas praias de sua mente turbulenta, um presente dos domadores de Trovão...

As dádivas sempre tem o seu preço, e o que eu devo pagar é deveras caro...

No reflexo do olhar dos trovões que dançam sobre o mar agitado como se festejassem a morte de um inimigo, devo assistir como morri... Como caminhei lentamente para os braços daquela Senhora que se abate a tudo e a todos nessa jornada... O FIM!!!

O sorriso amarelo que havia em meu rosto se desfaz enquanto assisto a este espetáculo sarcástico, dar lugar a uma felicidade sinistra, que me faz ter votande de me lançar ao mar para dançar junto aos Trovões e festejar o meu Fim..

Não direi que foi fácil pagar esta dívida, assistir como me tornei medíocre, a ponto não me apaixonar mais pelo doce olhar do momento presente, foi duro e doloroso...

Agora que assisti esse rito macabro de desfalecimento de uma alma, recebo o que é meu por direito. Aquele presente celestial que "vem com a maré", a mesma maré que leva o cadáver putrefado pela inutilidade agora me traz a força necessária para voar até as nuvens mais turbulentas, para novamente poder dizer... "Sim! Eu sou um domador de Trovões!"...

Não existe mais fraqueza... Existe a esperança... Não existem lamúrias... Existe a Vitória... Não existem mais pedidos de desculpa àquela sereia que foi a emissária de minha dor frente ao senhor dos Oceanos... Existe a Paixão, o Amor, O Agora e o Desejo...

Ass... O Renascido...

domingo, 24 de agosto de 2008

Angustiando-se

Pensar em poesia é uma besteira que me consola
Pois se é poesia de fato
É machado, sentimento que descola
A minha alma de seu medo
Hipócrita de personificação
Do pestilento ser que teme
Olhar-se ao sangrar dominação,

Do podre humano que foge
De sentir nos ossos o amor
Pela vida, por tudo
Dionisiacamente sem pudor


Senti que nos últimos tempos
O meu interior me domina

Na angústia das dúvidas
No desejo covarde que alucina

Por isso mato essa palavra fraca
Que na dança louca do intenso Brasil
Ainda é observação covarde
Que não vibra



...

A raiva que eu sinto

Por ser o que mais temo

Revela-se em versos:

Silencio do extremo

Correnteza

Minha poesia é verso podre

Nada de densidade lírica

Nada de coerência rítmica

Nada de elegância estética

Nada de sentido verdade

Minha poesia é verso podre

Nada de poética empática

Nada de sedução literária

Nada belo

Nada feio

Nada Nada

Na corrente

Desse infinito rio

Tudo se afoga

Sinceridade

No fundo sei que estou apenas gastando as horas

Aproveitando a podridão que me permeia

As minhas entranhas presentes nesse mundo engraçado

Pois sei que o sentido mora ao lado

Pois sei que meus os olhos o alcançam sempre

No repousar muito além

Do mero e patético sapiente

Ser que pensa o mundo

Ser um Olho

Olho para tantas coisas

Esforçando-me para ver deveras

Onde o olho não alcança

Por isso quero me transformar em olho

E sair por ai olhando

Pois olhar enquanto se petisca um cérebro

É a melhor maneira de aprender a ver

Regurgitando

Cadê?

Vou

Cansei


Se fazia

Sentido

Vomitei

Lirismo Barato

Hoje em dia leio poesias de lirismo barato:

Todos são loucos e amam o irracional

Mas no fim é tudo uma palhaçada

Mal feita e sem graça


Se convidados pelos próprios lábios da loucura

A bailar e banquetear no palácio insano

Correm todos aos compromissos

Às ilusões do mundo mundano


Antropofagia é coragem

O velho entra e sai profano

Radicalismo vivo e real,

A loucura em seu estado letal


Se fossem todos, o que dizem

Seriam infinita a beberagem e anarquia

Libertarianismo doce,

O Romance lúdico da orgia

Derivações

Suspiro:

Susto-pirofágico

Autofágico

Carro-mágico

Para o infinito fogo interno

Sensibilidade

Vivo um tempo

Ligado por nós de cores difusas

Vindas da falta de coerência

Sentindo um eterno presente desconexo

Em um labirinto de paredes polifônicas


Meu sentido de permanência

É algo que, enquanto salta, flutua

Sobre a cama que viaja sem resistência

Pela galáxia do agora surreal que se insinua


Não faz sentido a importância que não dou

Pela coerência perdida nos signos que trocamos

Pois quem disse que deveria haver

Mais do que um troca caótica

Na orgia do banquete de sangue que encenamos?


Não precisar das verdades

Ao derivar consciência da ausência

Deleitar-se na contradição sem pudor

No seio das visões fragmentárias

O Desencanto e a Resistência

Mecanismos, metal e plástico

Sistema, estrutura e previsão

Com isso me pergunto se foi a vida inteira

Engolida e aprisionada na razão


Angustio-me de maneira solitária

Procurando onde foi parar o Encanto

Temendo que seja o próprio mundo

Sua trágica capela mortuária


Mas felizmente me toma em espanto

O mistério da própria existência

Não preciso chorar, não faz sentido o pranto

Pois o Mundo desencanto ainda encontra resistência


Escondido e encravado na alma de cada vivente

Estão a Magia e o Imaginário...

A rotina aprisionante desse mundo ausente

Não é nada frente a esse real poder revolucionário

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Entrelinhas

Aquilo que penso que sou...

Por quem é pensado?


Se não sou eu que penso,

Pensa quem sobre o que sou?


Perguntas que me respondem

Que o que penso

Está errado

O Dia do Louco

Risadas e Risadas

Ecoavam pelas ruas

Festas lantejoulas e luzes

Enfeitavam a beberagem sem fim


Foram assim os primeiros dias

Do desgoverno do louco

Pessoas sem nome e sem dono

Felicidades sem rédeas enfim


Pouco a pouco a coragem ia embora

Semanas de loucura sem nome

E de fogueiras alimentadas com relógios

Assustavam aqueles que esperavam o esperado

Após o raiar colorido da aurora


A lei era o fogo, volúpia e prazer

Queimem as regras e os juizes

Ame sem limite e sem nome,

Afinal a liberdade é chama que consome


Quando cantou a boa nova

A terra e alma entraram em transe

Choque, alegria e esperança

Daqueles viventes até então sem vida


Mas pouco a pouco a coragem ia embora

Semanas de loucura sem nome

E de fogueiras alimentadas com relógios

Assustavam aqueles que esperavam o esperado

Após o raiar colorido da aurora


O louco não passava um dia

Sem fazer amor barulhento com a loucura

No primeiro dia matou sua família

Na segunda seu deus e professores



Afinal ele era livre era louco

Arauto do delírio, desvairado em fissura

Estimulava todos a fazerem o mesmo:

Matar todos, no ser, que não eram luzes


Tornou-se foco de ódio e escrutínio,

Ele amava a critica e as pedras!

Tornou-se fonte de esperança,

E odiava essa rainha ilusória!


Os primeiros a atacarem

Foram os tediosos e covardes

Os primeiros a abandonarem,

Os revolucionários do futuro


Preferia amar a Insanidade, a prostituta

A cumprir as promessas do amanhã


Certa vez em uma noite estrelada

Foi beijado finalmente por sua amada

Como não entendia o porquê do apego

Na necessidade de um guia salvador


Abandonou e largou seu projeto,

“Deixe que os loucos e vagabundos o construam”,

Mergulhou na noite estrelada

Para queimar na eternidade sem pudor


Pouco a pouco coragem ia embora

Mas a utopia ainda dança nas cabeças sem nome

Alimentada pela verdade da diferença,

O sonho continua a apavorar

Aqueles que esperam o esperado após o raiar da aurora

Crueza Sensorial

Nesse momento prefiro o minimalismo covarde

À falácia dos grandes planos

Sou o mínimo rebelde mais visceral do universo

E não me digam nada sobre erros e castigos


Deixem-me estar em meu mundo

Mesmo que todos, sendo eu o principal

Saiba que o fim é a única verdade


Não me falem sobre o dever e as leis,

Sejam as cósmicas ou as naturais

Sei tudo sobre o sono da ignorância

E se dormir foi minha escolha,

Por cada segundo de meus preciosos sonhos

Não me acordem


Não definam a radicalidade de estar vivo

Pois a negação de tudo

É a radicalidade exposta á alma dos covardes


Deixem que sonhem todos os loucos

Deixe que o suicídio coletivo em curso continue

Zombemos das mortes

E vamos beber e dançar com aqueles

Que acordarem a tempo de verem as vísceras expostas

Temperando os Segundos

Posso escrever melhor

Buscando a catarse

De mais escrever?


Procuro a poesia em mim

Ou nas não-coisas sagradas

Que meus olhos podem ver?


O mundo está enfim

Ou eu, enfim,

Estou no mundo?


Perguntas bobas simplesmente

Para temperar

O devorar dos segundos

Conto Experimental

“Me diga qual é o seu problema...” Disse o louco logo após a minha entrada.

-O nada e a crença – respondi.

Minha voz soou de uma maneira forte apensar de timida pelo aposento vazio, enquanto sentia meus lábios ressecarem pelo fato de pressentir mais um fracasso. Ao observar as paredes comidas pelo tempo e pela infiltração mal cuidada a sensação de que ali era o local onde o nada me levara era ainda mais forte.

-E o que o faz pensar que eu poderia ajudá-lo em tal problema?

-É que já tentei de tudo, psicólogos, ideologias, sexo, drogas... Para mim nada faz sentido por mais de um ou dois dias. Pensei que alguém com olhos diferentes para as coisas pudesse me ajudar a aceitar tudo isso...

Logo após de me confessar de uma maneira que eu nunca havia feito, pois sempre escondia o vazio em floreios poéticos ou notas musicais, me senti ainda mais idiota. Como um morador de rua visivelmente bêbado, com histórico de anos em hospícios, poderia me ajudar? Essa situação só me revelava a crueza de tudo aquilo, afinal ele não poderia. Ao mesmo tempo que, dentro de toda a minha podridão, eu sabia que ele era o único capaz de me empurrar para o caos. Pois em no máximo quinze minutos eu não mais acreditaria que ele seria capaz de tal proeza, em quinze minutos não acreditaria nem mesmo na idéia de ajuda. Apenas o vazio, era o que restava, ele me ajudasse ou não pois o próprio "não" era uma não saida válida.

-Para poupar tempo- disse o louco enquanto tossia um pesar de dentro do peito- digo que você não passa de um covarde, e que não ajudo covardes. Você não tentou nada, esse é o seu problema, nem o nada você tentou... E eu sou louco por que tentei tudo, até mesmo a crença. Sendo assim deixe-me com meus ratos. Eu não posso ajudar por que não tenho problemas, muito menos com a crença e com o nada, acredito na companhia de meus roedores e nas minhas vísceras e o nada não passa de um devaneio de mauricinhos covardes.

O louco me revelava assim minha própria fraqueza, o porquê de eu não ser o que queria. Não disse mais palavra alguma, virei as costas e sai da casa imunda e abandonada, ao abrir a porta e dar de cara com um árvore como todas as outras, verde e iluminada pelo solitário poste amarelo, senti que encontrara o sentido que me incomodava... Tudo aquilo que meus olhos tocavam agora tinha sentido, nada mais do que cinco metros ao meu redor. As ilusões continuavam sendo ilusões, e todas as crenças o eram, mas o nada, naquele momento, enfim nada se tornou.

Ao dar meus primeiros passos naquele momento eterno de minimalismo transbordante de significado, senti que não mais procuraria ajuda.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Espontaneidade

Um ato desprendido

A parte da dança cósmica

Que se descola das expectativas

Dessa espiral metafórica

Ilusão Primordial

A cada ilusão destruída

É mais livre o passo

Na brincadeira de caminhar

A Cada ilusão cultivada

Brota a semente de outra

Que cresce, toma espaço


Para saltar na liberdade

Como um sapo

Resta desmanchar

A primordial ilusão

De existir

Ò ser humano chato

Maldição Urbana

Perpetuamos

Nossa não vida

Transcendível

Envoltos

Do solitário caminhar

Frenético de pessoas

Ao som do canto

Mimético dos pombos


Em resumo:


Um cômico

Banquete de excrementos

Embalado

pelo

Podre canto de

Ratos alados

Sentado no nada

Gosto é do riso humilde

Da felicidade fácil

No contentamento verdadeiro


Gosto é das festas populares


Gosto muito do inconformismo

Do tapa derradeiro

Nas fuças da hipocrisia


Gosto é da arte sem rédeas:

Festim de alegria das pernas antropofágicas


Mas o que não gosto

É lista sem fim.

Começo a pensar

Que no nada se sentar

Tornar-me-á alguém

Chato e ranzinza


Perfeição demais é mentira

Ilusão pouca é bobagem

Reconhecer-se no vazio

É privilégio dos que tem coragem

Paradoxo Cósmico

Sustentando toda a firmeza

Das mais incontestáveis crenças,

Está solenemente o nada.


Assim como o é o vácuo

Que dá solidez á matéria

Assim como o é ódio

Que torna bela a paz

quinta-feira, 3 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Decapitado

O mundo sem cabeça

Da cabeça do meu mundo

Incorpórea inconsistência de alfinete

Que confunde

As idéias viajantes

Desse mundo em-si-mesmante,

Relativa realidade abismal

A ocultar na sombra do devir

A ilusão primordial

Do viajante existir

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nadanão

Para aqueles que pensam

Que o nada é tristeza

Um aviso:


O nada não é nada não...

Repetição

Repete-se

Na repetida rotina

O sono ignorante

De não perceber a vida


Que passa

domingo, 8 de junho de 2008

De mãos vazias

Tranqüilo,

Apesar de sentado

Com minhas bobagens

Como se fossemos tias que tomam

Chá

Enquanto tecem fofocas


Cômico,

Mesmo sabendo que meus poemas

São longos demais

Como esperar um ônibus de mãos vazias

Sem ter paciência para

Falar sozinho


Escritor

Apesar de tomar consciência

De que esses poemas são

Suspiros de mim para mim mesmo,

Enquanto tomo chá

Comendo bobagens

Ao esperar o ônibus

De mão vazias

Sem paciência para

Falar sozinho

"o pop não poupa"

Nessa era do tudo

O nada parece fascinar

Gente demais


Tanto que logo

O tudo vai engolir o nada

Que não será nada mais

Inconstância do caos

Nada do que já foi pensado vale

A Inércia é em si insulto

Tudo o que existe muda

E a realidade aceita ilude


O nada que é negado vive

Na criatividade insana adormecida

A vida que se transforma agora

Anseia pelos loucos suicidas

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Inspiração

Tenho medo de secar

E finalmente ser nada,

Como poço solitário e abandonado

Que não sabe viver

A simplicidade objetiva de

Simplesmente estar

Martelo

“Traga-me o próximo,

Meu martelo é sedento e faminto

desTRÓI, desTRÓI

Aquilo que pode ser destruído”


O Martelo impiedoso é frenético,

Não vê perdão, nem súplica

“CoRRÓI, desTRÓI

Tudo deve ser destruído”


“Cuidado Martelo, cuidado Trovão

Nessa dança mimética instintiva

Pode ser o próximo no mundo em destruição”


“Destrua, desTRUA

Me leve na corrente louca

Solte minha alma enfim

Para o Réquiem final de meu grito!”


O Abutre sobrevoa destroços

Pedaços decreptos apodrecidos

Processo do que um dia foram coisas,

Sonhos crentes do coração desiludido


Ao longe se ouve o berro


“desTRÓI desTRÓI

Pedaços em desconstrução

Não sobra olho, braço, espírito

Medo covarde ou a cabeça da Razão”


Ao longe se ouve um suplício


“desTRUA desTRUA

O prazer de morte enfim

Quebre-me os pedaços

Pois eu não sou

Se o eu for enfim,

Ilusão”

Erudição

Se eu não for

Eu não quero saber!

Para que alimentar a memória,

Concubina sedutora e ilusória,

Com a morte do presente viver?


Se for pra ser,

Ao caminhar o saber

Apresentar-se-á para mim

Como fumaça

Entrelaça-se pelos passos,

Faz dançar ao dar graça

À caminhada que parece

Não ter fim

Aos Utópicos todos nós

E agora convencidos

Para onde vamos?

Embebedar-nos na saudade

Ao chorar aos braços da nostalgia?


E agora, convencidos

O que nos resta?

Arrastar-nos sem sonhos

Ao viver com pressa?


Quando foi que tudo aconteceu?

Em que minuto, ou ano

Ou geração maldita

A passividade sobre todos se abateu?


Como foi que as coisas assim ficaram?

Com que mentira, violência ou rotina

Nossos sonhos estupraram?


Qual promessa, ilusão ou conforto

Foi forte para nos convencer

Que a nossa amada, utopia

Não é o viver


Qual é a mentira que nos engana

Desde o principio

Qual a ilusão que nos faz brinquedos

Desde o inicio?


Pensam que só perguntas

É que nos resta

Mas o nada sempre esteve ai

A espreitar na fresta

Das pernas de nossas ilusões

Na fechadura do quarto onde

Não somos senão quando

Seremos enfim agora


No resumo

Respondo com o que nunca fomos

A pergunta que sempre é,

Aquela que ecoa na lágrima do sacrifício

Ou no silêncio da resignação


Mas quem terá coragem

E que será correndo

O ser que loucamente grita

A vida em si crescendo?


Mas quem terá coragem

De olhar de si pra dentro

Enfrentando aos berros

A própria voz de um ser morrendo?


Pois numa caminhada

Na qual não se sabe o valor da morte

Tampouco valor

A pobre vida tem

terça-feira, 20 de maio de 2008

Momento

Tanta coisa pra fazer

E eu estou aqui,

Acho que é nesses momentos

Que realmente descubro

O que é momento


O mundo

Poderia desabar em tormenta

E levar tudo o que deve ser feito

Em seu Réquiem melancólico


Mas a verdade é que

O momento só existe

Pois o delírio já se abriu

E vorazmente engoliu

Tudo o que não era vida


Parado eu observo tanta coisa

Inclusive o espaço entre as imagens

A preencher o vácuo entre pensamentos

Sentando de maneira plena

Na sincronia imprecisa das gotas de chuva


Por isso sento, paro

Observo, vejo e escuto

E as coisas que deveria fazer

Esperam ou queimam

São apenas um rabisco sujo

Na vida inconsciente

Pela qual se esgueiram


(eu estou aqui, elas não sei

Deveriam procurar algum lugar

Para estar)


No final das contas

Os momentos não existem

Aos montes como deveriam

Pois o movimento ininterrupto de tudo

Faz parecer que o parar assusta

E que o nada fazer

Excomungado deve ser

Como um erro insensível de quem não vive


Sendo assim, não faça nada amigo

E amigos seus os momentos serão

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Delirar

Aquilo que faço não me define
Mas aquilo que sou
Define o que faço

Sou, enfim
O lampejo
De um delírio

Sobre a ação

Louco mesmo é ato

Aquilo que fazemos

Sempre tem sua pontinha de normal

Sua semente de coisa chata

Louco mesmo é o ato

Paradoxo Simples

Às vezes tudo parece tão simples

Como viver um dia!


E quem disse

Que deveriam ser diferentes

As horas sinceras

Do que pode ser chamado de vida?

E quem disse que é tão fácil

Não se perder nos haveres

Que existem por aí?


À vezes tudo parece tão simples

Como viver um dia!

Ruínas

Se já está tudo em ruínas

Como alguém pode considerar autodestruição

A tentativa daquele que das ruínas quer sair


Se já está tudo arruinado,

Como pode alguém considerar arruinar-se

A tentativa de vislumbrar

Além de paredes podres?

Como pode o ídolo apedrejado

Alguém lamentar?


Se o todo já está em ruínas

Como pode alguém considerar desperdício

Atear o fogo faminto

Sobre as cinzas

Do que nunca existiu?


Se já não presta mais nada

Deixem que se tente de tudo

Pois talvez daí nasça o presente

Que não se apresenta nas promessas do futuro

terça-feira, 13 de maio de 2008

O Nada

Quanto mais procuro

Menos consigo me encontrar...

Se aproximando cada vez mais

O Nada vem para me levar


Corro, Corro

E minha velocidade parece fazer a luz se apagar,

Quando tento novamente acende-la,

Percebo ser nela que o Nada está a se alimentar


Quanto mais procuro

Menos entendo o mundo que me envolve

Quanto mais temo e cavo fundo

Mais longe fico de entender o mundo


E se correr não adianta

E se procurar só confunde

Desisto de tentar entender o que está no claro

Para viver e sentir o mistério do escuro


Abandono a luz que me enganava

E deixo o nada ser o tudo

Sendo assim sou levado por aquilo que procuro

Passo a ser o nada sendo o mundo

Viajante

Se algum dia em alguma parada

Em alguma montanha ou pôr do sol

Algum qualquer me parar e perguntar

Viajante por que viaja para onde vai?

Qual é o motivo desse estradar?


Serei sincero como um passo sem rumo

Ao lhe dizer para procurar em meu olhar


Se o curioso insistir e teimar

Direi que sou como uma nuvem

E que é o nada que está a me orientar

Se ele não entender e insistir novamente,

Perguntado por que simplesmente não paro


Serei sincero como um passo sem rumo

Ao lhe dizer para procurar em meu olhar

Acho que Todo aquele


Acho que todo aquele

Que é demais de alguma coisa

É pouco de todo resto


E o resto não é coisa pouca

É em si

A vida

Lá!

Em algum céu azul qualquer

A vontade de viver baila sob as nuvens...

Lá, aqueles que proclamavam crenças e ilusões

Agora cantam, amam, desiludem


Os que esperam ciclos de tédio e rotina,

Para guiá-los em sua jornada,

Decepcionam-se quando percebem

Que lá os dias não tem horas, nome, nada!


Apenas o deleite ingênuo presente

Nos momentos eternos e cíclicos

Podem oferecer um lampejo

Para procurar algum nome para o dia,

Se nomeá-lo não faz sentido

É por que não alimenta as entranhas da rotina!

Então o chamem apenas de vida, baderna real

Uma criança faminta que se lambuza no caos


Lá! Lá vai a Ilusão

Para, dança e chora

Desiste e se junta à aurora

Seu nome se torna canção

Lá! Lá vão as cores

Riem, mesclam-se e amam

Numa orgia que se torna farra

Desmancham o mundo em flores


E agora que as representações findaram,

Desiludidos dos papéis e promessas,

Volto-me para a última esperança:

Levantar, enfiar o casaco e ir para casa


Mas quando me viro

Lembro-me que “Lá!”

Foram queimadas casas e casacas