quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um dia para esquecer

E se um dia eu te convidasse para uma viagem
(Para livrar-se de si mesmo em um momento infinito)
Onde estaria, enfim, sua coragem?

Esquecer nossos nomes enquanto deciframos
Cada pedaço das nossas almas em presença
Seria apenas o começo
Do dia em que finalmente esqueceríamos
Compromissos, inconsciência e crença

Esquecer seria o nosso único principio
Pois cada coisa que esquecemos
Estamos mais próximos de próprio inicio
Da estrada para o presente pleno

Não haveria amanhã, compromissos ou promessas
Não haveria nome, preconceito ou pretensão
Apenas uma vontade louca de estar presente
No dia em que finalmente
Existirmos com paixão

Sem medo, sem risco
Sem futuro ou planejamento
Apenas a entrega, o deleite e os olhos
O corpo e amor sem tempo!

Sem contar a leveza das coisas que faríamos
Enquanto ainda estivéssemos dispostos
A nos embriagar na correnteza do esquecimento

Metapoesia Temporal

Palavra... Verso... Pedras...
(Fúria sobre o telhado do ser)
Buracos abertos
escorrem
Cachoeiramente

O líquido tempesto
Represalmente Sentimentado
Inundará um papel

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Caminhando A Arte

O período entre uma poesia e outra
dói
a diferença entre arte e vida
acaba

Não sei mais onde derrubei
meu eu
Andar com os bolsos furados
abre espaço para o acaso

domingo, 12 de outubro de 2008

Esperas Em Noites de Chuva

O que fazer quando é tudo possível?
fazer algo não transcende a ilusão

Cortar a cabeça, devora-la
Nada além de golpes violentos
Na propria cabeça, na própria cara

A tempestade leva a tudo, purifica tudo
o que nos resta é esperar
aceitar em nossos corações
o perdoar pleno das gotas de chuva

sábado, 11 de outubro de 2008

Poema pra daqui a pouco

Assim como veio
Assim mesmo foi
veio como foi
foi mesmo vindo

amor é assim mesmo
sendo mesmo amor
vem vindo vai
fica mesmo indo

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Convite

Colheitas de sonhos
Surreais
Certo convite esperado
Rompe, rasga

Portais

Choverá cristalinamente
Amor enfim:
Umida a realidade ressecada

Ressacada

Ressaca de ondas sugestivas
Abalam a certeza
inexistente
Estou esperando
flutuando
O corpo ainda não vive
A Alma sente

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Amor Náufrago

E é tão fácil se apaixonar
Ouçam o vento que sopra meus caros,
A melodia que desconcerta a lógica
se capta na embriagues da atenção

E é tão fácil se apaixonar...
Seriam apenas seus olhos, esmeraldamente hipnóticos
Ou foi por causa do desenho perfeito
Da boca do corpo... tudo?

"Loucura, risco, insensatez"
Dizem todas vozes de canto cego
Quero apenas o momento
mesmo,
não não,
reproduzir as expirais de expectativas
não não (ilusão de efemeridades)
Apenas o momento existe, esquecimento é a eternidade

O silêncio do teatro seduziu-me
Calou as vozes do mundo,
Ressoou o suspiro que derreteu minha descrença
A emoção corporificada no ofegar do seu corpo

Rodoram-se os discos da vitrola da consciência
Apenas a arte ritualisticamente oferecida à vida
Aproxima-se das praias do sentido, da verdade
Chiados ocultos são a perfeição
beber o vinho é o toque e o convite dos xamãs do passado

Ego é miragem,
apenas miragem
gerada pela fome daqueles todos nós perdidos
na ilha esquecida da realidade
que teima em não esquecer a si mesma

Mas os deuses são bondosos
o amor beija e enamora-se nas praias a todo momento
"coragem, coragem" berram os nativos
apenas isso para afogar-se nas ondas

Há que se pôr em perigo, jogar-se no mar
no céu, na imaginação sem fim
o Risco nos arranca o que somos de fato
podemos enfim berrar, busquem o perigo

eram esses os ensinamentos do feiticeiro tribal
dos tempos do esquecer em fases de alucinação
(ecoam nos subterrâneos da ilha para sempre)

A Paixão é risco,
rasga-me o corpo a alma o cérebro
em pedaços,
petiscos para os corvos sedentos
que voam sobre os céus de Alucínia

Não é amor, talvez não conheça-o de fato
a não ser por alguns momentos, alguns estados de espírito
Não é promessa e futuro
Apenas um toque, apenas um diálogo de olhos
seria sim o suficiente
para o maior dos amores mergulhado na maré do agora

Mergulhou-se, Mergulhei, Mergulhamos
Beber toda a essência sem hesitar
a hesitação foi esquecida, tudo se esqueceu

O amor se faz a cada instante
a cada inundação
quando acumulam-se as gotas e as ondas
da tempestade da entrega

Amor Náufrago II

Delineadamente perfeita
(A vitrola do tempo se aciona...)
consciência em altas doses,
(O mar verde do olhar esmeraldamente hipnótico
A descrença derretida temperando a paixão)

Se havia medo derreteu-se
sobrou o amor

A tempestade pode levar a todos:
Ela sempre esteve
disposta a isso

Amor Náufrago III

Não poderia me alucinar e me apaixonar
Sem narrar

moldar tudo pela criação
Metamorfosear o real improvável e chato
em mundo alucinático de fantasia verdade
Meu espirito no imaginário é outro
Ela é na criação, real possível

O nós de cores cênicas e explosivas
Derramou-se e corroeu a mascara do "real"

Somos de algum jeito amantes
em algum lugar que não "esse"

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Desta vez não existem Trevas. Desta vez não existem Sombras. Desta vez não existem Máscaras...

Existe um solitário e pensativo ser, que espera nas praias de sua mente turbulenta, um presente dos domadores de Trovão...

As dádivas sempre tem o seu preço, e o que eu devo pagar é deveras caro...

No reflexo do olhar dos trovões que dançam sobre o mar agitado como se festejassem a morte de um inimigo, devo assistir como morri... Como caminhei lentamente para os braços daquela Senhora que se abate a tudo e a todos nessa jornada... O FIM!!!

O sorriso amarelo que havia em meu rosto se desfaz enquanto assisto a este espetáculo sarcástico, dar lugar a uma felicidade sinistra, que me faz ter votande de me lançar ao mar para dançar junto aos Trovões e festejar o meu Fim..

Não direi que foi fácil pagar esta dívida, assistir como me tornei medíocre, a ponto não me apaixonar mais pelo doce olhar do momento presente, foi duro e doloroso...

Agora que assisti esse rito macabro de desfalecimento de uma alma, recebo o que é meu por direito. Aquele presente celestial que "vem com a maré", a mesma maré que leva o cadáver putrefado pela inutilidade agora me traz a força necessária para voar até as nuvens mais turbulentas, para novamente poder dizer... "Sim! Eu sou um domador de Trovões!"...

Não existe mais fraqueza... Existe a esperança... Não existem lamúrias... Existe a Vitória... Não existem mais pedidos de desculpa àquela sereia que foi a emissária de minha dor frente ao senhor dos Oceanos... Existe a Paixão, o Amor, O Agora e o Desejo...

Ass... O Renascido...