Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
Resnovação
Percebe-se a transa catódica
de um lado a falência
do amor represado
e de outro pulos
nascer pudorado
da paixão
em seu ensaio alegre
nunca antes, nunca antes, sempre depois
vivemos agora, vivemos sempre o que nunca foi
(nos abismos de cada uma das relações)
a possibilidade pulsante do resgate lisérgico
amor olhar conversa
conversa amor olhar
olhar conversa amor
sem dor, sem mar
nessa vida
só presta existir
se for pra se amar
nos olhos sorrisos do encontro acaso
escondido no seio da gargalhada
o convite esperado de outro
as pernas abertas da nova risada
Brincadeira sim,
sem fim, sem começo
mas que roda em torno de si
nas nuvens do nascer tropeço
desse poente de encontros
das pessoas vivas na ciranda do amar
A "família" torna-se Família
enfim, no fim, um jardim
todos sonhando, brincando e dançando
e os contratos assinados nas relações?
queimados para sempre queimados serão
paixão exalando cheiro de sexo ardente
no ar um dia nauseante das grandes cidades
ei, você
sim todos vocês
já chegou a hora, ela sempre chegou
sempre esteve ai
vamos abandonar essa velha maneira
olhar-se verdadeiramente
e se apaixonar pela vida inteira
ei, sim eu, sim nós
vamos inventar nossas paixões coloridas
recriar realizar e viver
o novo amor tântrico alquimista
que corre louco pelos campos do amanhecer
(já estamos vivendo o coração cantado
foram os covardes sem dó deixados
pra amar só precisa coragem)
As podres instituições já cairam um dia
falta apenas queimar as ruinas que restam
e arremassar-se na tempestade
para amar tanto a si mesmo e a vida
a ponto de apaixonar-se sem reservas
por todos os outros caminhantes da viagem
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Ser Humano
Mergulhados na insanidade
Esses humanos
Ainda sabem quem são
Ou quem
Poderiam ser
Ainda posso alcançar
Aquilo que fui
Ou o que
Ainda sou
Que se perpetua
Como se o fim não conhecesse,
Engole
O mundo, o sentido, os olhos
E por fim a vida
No profundo de toda a dor,
Dentro daquilo que pulsa
Ainda sou
humano
Representação da Crueldade
Se a vida é um teatro
E além de mim só existe representação
Que seja o espetáculo feito de sangue
Para que ao menos haja inspiração
Exijo risada e tragédia a permear o teatro
Não quero uma peça fria
Que deixe minha vida sendo média
Ainda escondida sob a covarde hipocrisia
De não reconhecer a tragédia
Que se vive diariamente nesse palco
Jantar Ontológico
Cores invasoras
A fazer um “ver”
Que, finalmente
Não mais é meu
Minha alma se dissolveu
Tornou-se uma sopa
Sorvida solenemente
Por vários cérebros.
Percebo em meio a eles
Perdido, frenético
O meu
O Poço de Alucínia
Para sair de lá embriagados
Vamos sorver seus lábios loucamente
O espirito finalmente liberado
Enlouquecidos voaremos
Pelo caos multicor parido pela Lua
Esquecidos da vida enfim seremos
Os soberanos da verdade nua
Pelos instantes sem memória
Voando com vento
Descolando o sentido lógico
Louvando o esquecimento
Quando finalmente
alucinados e cansados
Nos deitarmos em relva serena
Não mais seremos cegos e inconscientes
Acerca da cósmica verdade plena
Espantalho
conectado como um espantalho
ao vento atrelado
Descolar sentido para voltar
ao mundo de olhar encantado
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Cansaço
O clima de cansaço geral
gestado na sobrevivência sem paixão
engole e envolve os seres urbanos
Através dos edifícios da cabeça
penetra a alma como um prego
o veneno anestésico da existência
Dopados no torpor da vida insossa
(por entre deveres e compromissos da rotina)
Cambaleiam e se arrastam
Insensivelmente, destrutivamente
O sono corrói os corações asfixiados
Desafio
Como tornar a rotina da sobrevivência
Um cotidiano orgiástico de prazer em vida?
Nem a paixão resiste às convenções
Que tornam o tesão e a entrega
Simples obrigação e cumprimento de expectativa
Sobre o excremento
As Ilusões do ego engordam
Da própria merda
que defecam
e fétida
È a única escolha para atingir a inspiração
Sonhos ensandecidos
Por putas loucas
Atormentam e assombram
os bons corações
Sobre a paixão
Pode-se pedir mais do que
O delirante jogar hipnótico
Que leva ao torpor lúcido da paixão?
É um mero detalhe frente à magia
De tornar abertos os portões da alma
À doçura melancólica da poesia
Mãos Atadas
Não existe o tempo
De ilusão moldável não passa a matéria
A verdade é
(a não existência da própria)
Inconsciência de merda que torna a vida séria
Exploro a inexistência visceral dos seres
Encontro meu mapa na subjetividade infinita
Nas cartas suicidas e nos entorpecentes
Nos cantos às paixões desiludidas
Ela assovia a si mesma em cada ouvido
Quem tiver audácia que ouça
E pare de significar a vida com a falta de sentido
Não fujo da nossa podridão eloqüente
Mãos atadas por laços que nos tornando iguais
Caminhamos juntos para o fim
Todos condenados a existir
Nas regras cósmicas universais
O passado, o tempo, o real?
Apenas pão e circo para os inconscientes
Meu poema é (não matéria moldável)
Lixo regurgitado pelo abismo de viver
Vertigem
(como tantas vezes fizemos e não assumimos)
Compartilhar as verdades e as dores
Que sabemos serem as mesmas?
O brilho que tenho em meu olhar
Só existe quando você o reconhece
A explosão esmeraldamente purpúrea do seu
Existe no horizonte do meu
E por isso ele brilha, ainda
A coragem um dia nos seduzirá
A ponto do torpor da vertigem
Explodir a nossa alma em um salto sem fim
Gargalhar sobre as besteiras, ilusões e dores
Com a leveza do vento
A acariciar nossos cabelos
Durante a loucura infinita do salto...
Só isso
Isso simplesmente
Compartilhar a entrega da paixão
E esquecimento do mundo
Que viveremos juntos
Quando formos capazes de encantar a vida