sábado, 5 de dezembro de 2009

Flooding Window Blues

Já havia me reconfortado
Com a tristeza chuvosa de meu estado
Concordado em deixar a poesia aos mestres
Enquanto me contentaria
Com o saboreio amargo
Dos restos poéticos que em mim ressoam

A tristeza dos detalhes me abate
Fecho os olhos
E o viver se apresenta como oceano imenso
Convidando a coragem do navegador
Para um naufrágio trágico

Fora de mim o mundo existe
Qualquer conclusão sobre a vida
Enferruja como navio abandonado
O sonho mal aproveitado
Arranha a consciência
Fino vidro cruel riscando o coração

O que me invadiu foi a janela
Uma fresta de respiro em meu silêncio
O que me inundou foi a espera
Poesia transbordando
A tão cortante materialidade
Daquela miragem poética:

A janela quebrada pelo desleixo
Era minha própria consciência em pedaços
Flertando por entre as grades que me sufocam
Com a cinzenta liberdade do céu

Só mesmo em versos
Para manter viva
A metáfora material da minha visão
Só mesmo em versos
Para compreender esse pulsar
Tão agudo do meu coração

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