“o sagrado instinto de não ter teorias”
B. Soares
Às vezes acredito que o meu problema
são verdades absolutas que me assolam
momentos que vivi e senti de maneira tão intensa
que o leito confuso do rio de minha vida
abalou-se por inteiro,
eternamente.
Como se uma tempestade derramasse
sua chuva prazeirosamente
na serrana nascente
sabendo que a força ali depositada
iria, algum dia, inevitavelmente
(talvez até em uma tranquila praia tropical)
encontrar a imponderabilidade imensa do mar.
A Lua brilha
e por todas as coisas que me revelaram
algo de verdadeiro e saboroso
Sei que a vida é mais e pode mais
Sei que o que está contido
nos desencontros pelos quais me engano
é pouco perto do que se oferece
gratuitamente a todos aqueles
dispostos a estar de acordo
com aquilo que não é ilusão e desperdício
Tenho em meu peito a essa altura
uma dose (um tanto quanto histérica)
de resignação.
Sei que por aquilo que acredito e vivo
não posso esperar mais do “mundo”,
bem como da maioria das pessoas,
algo diferente de desprezo
e um pensamento disciplinadamente disposto
a me considerar simplesmente um vagabundo.
Como disse,
tenho uma consciência trágica
dessa nihilista reciprocidade:
De certa forma,
também não gosto do “mundo”
e se para eles
eu não passo de um vadio
(na melhor das hipóteses talentoso)
Eles para mim
são um bando de iludidos e desperdiçados
arrastando a miséria de suas horas
sem perceber que cada ser humano contém em si
o brilho de uma estrela
sem perceber que a cada conta a cada medo
ela se apaga
mais cedo
Não me importo sempre
com a minha arrogância.
Não posso
ser senão
a partir da paixão,
a qual me impulsiona
Rainha
mesmo nos momentos de desamor.
Por agora descansarei
na energia palavrosa de meus sonhos
Deixo o meu sim
e minhas melodias alegres de amanhecer
Para quando a madrugada tiver seduzido
as últimas trevas da noite.
Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
experimento do céu
A andorinha cruza
O frio ar de inverno
Sobre ela
imenso
E através de meus sonhos lúcidos
Uma nuvem púrpura sugerindo incenso
Cruza o claro azul
Infinito estendido sobre o dia
Lembro o que não sei
Distraído sobre o que
Esqueço em sintonia
Num mutante
momento do entardecer
a nuvem transmutou-se
em uma borboleta cinza
Que dissolvendo-se no amor
Celebra um naufrágio na maré do vento
onde o céu colore mais um experimento
O frio ar de inverno
Sobre ela
imenso
E através de meus sonhos lúcidos
Uma nuvem púrpura sugerindo incenso
Cruza o claro azul
Infinito estendido sobre o dia
Lembro o que não sei
Distraído sobre o que
Esqueço em sintonia
Num mutante
momento do entardecer
a nuvem transmutou-se
em uma borboleta cinza
Que dissolvendo-se no amor
Celebra um naufrágio na maré do vento
onde o céu colore mais um experimento
mundomovente
Cheiros Gostosos
Ardidos como limão caipira
Confundiam-nos com suas cores agudas
Nossas vidas profundas
em múltiplos cenários
Sugeriam-nos mergulhos imaginários
em universos interagindo
em apenas um segundo
caiu
uma
folha
por mais um momento
nosso mundo em movimento
basta
uma
escolha
Ardidos como limão caipira
Confundiam-nos com suas cores agudas
Nossas vidas profundas
em múltiplos cenários
Sugeriam-nos mergulhos imaginários
em universos interagindo
em apenas um segundo
caiu
uma
folha
por mais um momento
nosso mundo em movimento
basta
uma
escolha
Prosa Celeste
" para vó orídia (harilda) "
Um lindo pôr do sol
colore a última despedida
Rosas vermelhas
embelezam a saudade
E no coração
agora envolvido e apertado
pelo mistério da perda
fica a certeza
de um amor de verdade
A lembrança
daquele abraço único
nos confortando
com o mais carinhoso
magrinho tapa nas costas
traz tal qual
um vento viajante
uma vontade de tomar chimarrão
e sentindo cheiro de feijão na cozinha antiga
ouvir causos e histórias
naquela prosa fantástica
que só as avós sabem tecer
Ah vozinha! Sua horta agora é de nuvens
e sua companhia seu filho menino
certamente os anjos
sentem-se hoje privilegiados
por poderem prosear com você
num desses fins de tarde celestiais
Em que o infinito
é calmo
como a vista do seu sítio
e óbvio
como tirar leite da vaca
Um lindo pôr do sol
colore a última despedida
Rosas vermelhas
embelezam a saudade
E no coração
agora envolvido e apertado
pelo mistério da perda
fica a certeza
de um amor de verdade
A lembrança
daquele abraço único
nos confortando
com o mais carinhoso
magrinho tapa nas costas
traz tal qual
um vento viajante
uma vontade de tomar chimarrão
e sentindo cheiro de feijão na cozinha antiga
ouvir causos e histórias
naquela prosa fantástica
que só as avós sabem tecer
Ah vozinha! Sua horta agora é de nuvens
e sua companhia seu filho menino
certamente os anjos
sentem-se hoje privilegiados
por poderem prosear com você
num desses fins de tarde celestiais
Em que o infinito
é calmo
como a vista do seu sítio
e óbvio
como tirar leite da vaca
Aprumo do rumo
Num dia
Vou compor
um soneto alexandrino
deixar de ser finalmente
um simples poeta menino
E no outro
vou buscar o charme
dos bêbados de Veneza
Quando meu lirismo está de Lua
meio maluco beleza
Zigue-Zague
Vaga-Lume
Luz Errante
Passo
e Vôo
Que não olha
para trás
Me perturba
Num instante
Um sonho Louco
viagem de palavras que se faz
em desequilíbrios vagantes
versos perturbam o rumo
de uma orquestra que busca seu prumo
no ritmo solto do mar
Vou compor
um soneto alexandrino
deixar de ser finalmente
um simples poeta menino
E no outro
vou buscar o charme
dos bêbados de Veneza
Quando meu lirismo está de Lua
meio maluco beleza
Zigue-Zague
Vaga-Lume
Luz Errante
Passo
e Vôo
Que não olha
para trás
Me perturba
Num instante
Um sonho Louco
viagem de palavras que se faz
em desequilíbrios vagantes
versos perturbam o rumo
de uma orquestra que busca seu prumo
no ritmo solto do mar
Pororóca Sonora
Mil borboletas
de asas grandes
e cores impossíveis
pousavam nos galhos secos
Suas vibrações
cíclicas como tudo o que existe
eram o movimento das folhas:
equilibristas do outono
captando o beleza do ar
se apaixonando
pelo vento do mar
Sinto
que viver
é estar de acordo
Nas ondas de tudo
Sinto um gosto nada
No fim da madrugada
Pode-se ainda testemunhar
o encontro da delicada
orquestra noturna
como o alegre
canto dos pássaros
Simplesmente
uma pororoca sonora
melodando o amanhecer
de asas grandes
e cores impossíveis
pousavam nos galhos secos
Suas vibrações
cíclicas como tudo o que existe
eram o movimento das folhas:
equilibristas do outono
captando o beleza do ar
se apaixonando
pelo vento do mar
Sinto
que viver
é estar de acordo
Nas ondas de tudo
Sinto um gosto nada
No fim da madrugada
Pode-se ainda testemunhar
o encontro da delicada
orquestra noturna
como o alegre
canto dos pássaros
Simplesmente
uma pororoca sonora
melodando o amanhecer
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