Sigo sem deixar nada Além do que fica da minha distração/ Ser humano é ser estrada na dor no amor ou na ilusão
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
De peito aberto
tentar entender,
complicando o que se faz pra sentir
pode facilmente
tornar-se um ato enfadonho
Para não corrrer riscos
Muitas vezes prefiro os pássaros
aos criticos
e um súbito azul
como público predileto
Para não correr riscos
(ou seria o inverso)
Assumo ser poeta, assumo meu ofício
Sabendo que não serei eu
a dizer se meus poemas
Valem mesmo a pena
A mim cabe apenas dizer
criar-fazer lançar o tema
tudo por que, como disse um conterrâneo
Me recuso a viver num mundo sem sentido
Quero todos os riscos contido nos rabiscos
Nesse lúcido devaneio de se fazer poeta
Quero todos os riscos da vida
do florescer às feridas
Ameaçando a pobre meta dos meus dias
no sentir dos dias velozes
Arriscar-me, na liberdade da minha linguagem
À moda de quem se lança
De peito aberto a uma nova viagem
A prova dos nove
a blague desses tempos
Vou postar em minha tela
o após dos segundos
Fazer um vídeo nosense
esperando minha fama
Lançar-me num tubo estrangeiro,
e tentar sair da lama
Talvez até twittar
um haikai quando plantar
meu bonsai de araucária
Afinal a vida é vária
e Tupi or not Tupi,
ainda é a questão
e apesar da ilusão
e do pesar do love
a alegria ainda
é a prova dos nove
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Algo além da Imensidão
“E é assim que o pôr- do-sol é belo por tudo aquilo que nos faz perder"
Antonin Artaud
Despedidas,
Sol que nasce no fim da tarde
como amigos reatando
Laços sinceros de amizade
As nuvens,
nomades do tempo
do céu do instante
Vão sendo coloridas...
A luz sob suas imagens de ar
A obviação do óbvio
no imanente lampejar do vazio:
“Cala-te mente,
nada senão agora
aqui para além das palavras
contemplo”
Torno-me o por do sol
suas cores, seus devaneios
sua magnitude de silêncio
seus múrmurios ecoando mistérios
Sou todos os prédios
e muito mais esse
referente colorido e transtornado
de nosso amor em mutação
um poema que fosse
mais ágil do que a morte
mais ameno que a noite
algo menos que um pensamento
algo além da imensidão
Ponteiros da Tranquilidade
Súbito Temporal
Sinto vontade
de escrever um poema
Sinto vontade
de ligar pra minha vó
Nisso me lembro
de uma grande alma
atravessando um oceano só,
em um navio cargueiro
com apenas sete dólares,
com um consciência clara
e um baú de livros
o céu se enche de nuvens
até o vazio do azul
parece nublar-se
Fica roxo o céu da tarde
trovões estremecem
e se inicia um temporal
Sonho Sonho
Sonho que se sonha sonho
e o sol risonho vem nos despertar.
Sonho que se sonha aurora
e um som lá fora enlouquecendo o ar
Sonho que se sonho sonho
e o bom do sono é nunca acordar
Acaso sonho que se sonha
sonha?
ou sonho sonho
se desfaz no ar?
Percepções II
Como uma fagulha tudo se desfaz
viajo em segredo no fechar de olhos
tudo pulsa tudo age tudo vibra
acontece e se esquece de dizer que é
se dispersa inconsequente e sonha
em rua livre o domínio da iluminação sem graça
aceita tudo num desejo mudo
e percebe o mundo num salto sem volta
Percepções
A vida trêmula ao teu redor.
Entre mudanças e aconchegos
Já quase não te lembras
Da lamuriosa vertigem das fendas
Nem do auspicioso vagar dos caminhos.
Se perde entre premonições
E num espanto
Segue coagulando versos
onde o abismo anula o som
Patética Estética
Escrevo em tom experimentalista
ás vezes até
de modo óbvio,
concreto como aroma na floresta
às vezes disperso
num traço louco de serpente
Sonhado por um pintor bêbado
que tivesse desvendado as cores do sol
Penso sabendo pensar
ser efêmero como incenso
escrevo contando criando
buscando o não pensar
O inesperado andando
sobre as trilhas do que escreverei
Tento escrever poemas
que só atingem
o patamar de fragmentos.
Contento-me, afinal
os momentos são também impermanentes
nada é assim tão congruente
e as gotas de chuva
não mais do que gotas de chuva
Assim precipito-me
alternando-me sazonalmente
Variando entre tormento e inspiração
entre sonhos de outono
e vertigens do verão
Das rimas ao assimétrico
modo de pensar
Da canção ao hermético
sonho de criar
Sei que sou patético
mas algo nas cores do fim da tarde,
nas nuvens adensadas de chuva e de azul
na indiscriminável face do vento
no indescritível gosto dos lábios da amada
tão doces tão ácidos
Algo me diz levemente
como num tácito poente
que apesar deste sentimento
ocre de patético, sussurradamente
algo me diz isso tudo é poético
O mar da Paixão
O mar da paixão
é uma entrega sem horizonte
um vôo
de asas trágicas e em chamas
Sobre um céu de escolhas efêmeras
O laranja da canga
Tarde de um dia
quase qualquer,
um dia de amor
Na parede elefantes dançam
Mantricamente
aos embalos do vento
A canga laranja
na mandala do tempo
Enquanto isso no sofá
listrado em diferentes tons
algo entre tangerina ardente
açafrão e om
Nos lançamos em imaginativas
Leituras em meio à fumaça
Devoção Transcendental
Krishna se faz presente
através de uma canção
Néctar transcendental
Semente
A luz além da ilusão
Krishna não cessou de ser
afinal ele é o não-nascido
mil pétalas de lótus
reluzindo sob seus passos
Galáxias acompanham-lhe sorrindo
Enquanto melodiosos devotos
Entusiasmados
carregam flores de alegria
Afinal ele é o tempo
o próprio infinito
A poesia de um verso bonito
Em um tema sonoro
Descobre-se o ouro
O próprio momento
Verdadeiro tesouro
No equilíbrio do cosmos
No fundo do azul
Seres espirituais
Fagulhas eternas
Reunem-se sob sua misericórdia
Em uma casa Fraterna
Nesta Presença Divina
Pratica-se humildemente
devoção transcendental
Do Grande Vazio
Quero-queros
gorjeiam em berros
protejendo seus ninhos
o sol da manhã,
se levantando entre colinas
colore a imensidão dos caminhos
Mais um novo dia nascendo
longe da cidade
o esplendor é sempre
mais evidente
Verde ancestral
por entre os escombros
a vida se renova
Verde tapete
na lâmina d'água
a vida caminha
Deságua no som das àrvores
com seus galhos balançando
quase que o vento
mostra sua face
A sanga escorrendo
do ventre da terra
a água vertendo
do grande vazio,
um olhar que revela falta
O eu cotidiano desperto
O que esperava
de um trêmula promessa
Nem mesmo os ventos
poderiam dizer
Experiência vital somente
semente de aperceber,
um modo de buscar a vida
Sapateando em diferentes
ritmos distintos de ser
apostando em indesperadas
perguntas que desmontam
desmantelam desencontram
o eu cotidiano desperto
Inventar o Mundo
Amar detalhes
do óbvio alerta
ou despertar
de um sonho
de ser humano
(doce ilusão)
de ser estrada
(ácida dádiva)
por dar risadas
e embalados pelo nada
inventar o mundo
Nos Olhos da Harpia
Quem já cortou
a palavra de um poema?
Quem já perdeu
tropeçando
o tema da vida?
O azul carpe diem dos pássaros
é nos olhos da harpia
o céu a procura
A visão da poesia
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
apaixonados em meio as impressões de um pôr-do-sol
Foi numa das nossas viagens
a primeira em que do ínicio ao fim
éramos apenas eu e a mulher amada
doce companheira estradeira
também apaixonada pela poeira da estrada
descemos a serra pela graciosa
em busca do que não sabíamos ao certo
na certa que por amor, vontade
de viver e ficar junto procurar amor-verdade
reiventando segundos em nossas maneiras de amar
na certa também que por tédio,
pra inventar um remédio
que transmutasse aquele drama
de viver a vida urbana que tanto alimentava
nossos sonhos estradeiros de voar sem paradeiro
“like a roling stone”e viver fora dela
numa casa de campo, ouvir mais passarinhos
com seus gorjeios e encantos
avizinhar cachoeiras e ao abrir a janela
abraçar o horizonte desfrutando carinhos
apaixonados em meio as impressões de um pôr-do-sol
Nos perderemos entregues ao arrebol
em tons de azul e amarelo, laranja e púrpura,
de violeta e dourado de nuvem e cor
nunca imaginados por nossos corações
inundados em ondas de amor
nem nossas ilusões, angústias ou devaneios
nem cem anos de solidão ou mil encarnações perdidas
terão força para impedir os anseios
luminosidades brotando do caminho amoroso
que a gente decidiu acreditar
assim como olhar
para uma fonte de infância
naquele cidade para qual fomos
ao descer a serra me pôs a sonhar
o tempo corre sublime
menino e brincando
girando encantando
ou sentando num banco
olhando olhos verdes falando em amor
sem se importar, no entanto
se a vida
está a passar
canto por canto
Quem
Quem é o artesão
quem é o artista
o que é arte
o que é ilusão
quem
a lei natural dos encontros
o que faz o por do sol parecer um conto
ou até mesmo parecer um quadro
a cada dia novo recriado
quem
a criação
de um pintor bêbado
incansável em sua busca
de extrair beleza
Quem
no porém realidade
é maestro de nuvens sobre a cidade
quem
no polém das flores
e primavera nova
reinventando amores
Quem
na insaciável busca e sedução da noite
é no horizonte em chamas
um anúncio da lua cheia
pra dizer que ama
Quem
ao se debruçar sozinha sobre estrelas
pensa no infinito e no oposto do horizonte
sonhando um poente visionário
flutuando no inverso de seu itinerário
quem
o sol
esse tempo sem horário
quem esse artíficie
de todo o imaginário
terça-feira, 23 de agosto de 2011
o poente
Evidência
Brincadeira de voo
Dois Hai-Kais Verdes
Algo me diz
que só atingem o patamar de fragmentos
contento-me
afinal, os momentos também são efêmeros
e as gotas de chuva
não mais do que gotas de chuva
assim precipito-me em alternâncias sazonais
variando entre tormento e inspiração
sustos de outono e nostalgias do verão
das rimas ao assimétrico do hermético à canção
Sei que sou patético não mais que ilusão
Mas algo naquilo que escondem
as cores do pôr-do-sol
naquilo que nos mostram
as nuvens adensadas de chuva
e no azul da indiscriminada
face do vento
Algo no gosto indescritível
dos lábios da amada
Algo nessa loucura gostosa
que nos dá a estrada
tacitamente me diz
que apesar deste ocre
sentimento de patético
tudo isso é poético
e por isso escrevo
por isso sonho
e assim me atrevo
num brincar risonho
tentando encantar o mundo
Azul de Rapina
a palavra de um poema?
Quem já perdeu
tropeçando
o tema da vida?
o azul carpe diem dos pássaros
Nos olhos atentos da Harpia
É como um céu procura
Na visão da poesia
Náufrago de Transcendências
Treme o espírito
Em uma entrega celebrada
Dançam os ventos
Sem se importar
Um furacão conduzido
Nas asas de mil colibris
Carrega intensamente
Meus desejos de ser
Sofro num despertar
Presente do corpo
Perco as palavras
E Tudo que me resta
É a canção da floresta
II
De olhos fechados
Adentro o mundo de sonhos abertos
Sou conduzido por uma leveza
Que me traz a paz de uma praia tranqüila
Deitado e sem forças
Quase um náufrago de transcendências
Sinto saudade das pessoas que amo
III
Num profundo silêncio
Adentro nos mistérios da mata
Ao viver meu ser se dissolve
Sou um
Com o que não conheço
No ponto luminoso
De meu desejoso coração
Florescem pétalas de lótus
Prostrado e humilde
Faço uma prece profunda
E assim ao modo que um rio
Molhando o leito lascivo da terra
Uma calma na alma me inunda
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Cotidiano ou Práxis do Amor
a gente cozinha recita, a gente faz festa
a gente faz amor a gente briga
a gente lê e a gente fuma
ganja tabaco camomila
a gente fica bêbabo e admira a lua
a gente perdoa a gente performa
a gente se apaixona e a gente termina
sonho que sonha a gente, loucura que nos fascina
a gente se entrega a gente se forma
a gente estuda e se revolta
a gente se acalma e pensa na alma
a gente faz planos pro futuro pensando em desapego
a gente flutua em meio ao caos
a gente lida com o real a gente lida com o sossego
a gente arruma casa paga conta
vai no mercado e lava roupa
a gente acorda cedo
a gente canta mantra
a gente aprende tantra
a gente se atrasa a gente transa
a gente pira a gente viaja
a gente medita a gente se excita
a gente se entende e se desencontra
a gente descobre e faz de conta
a gente revela e a gente arde
a gente admira o fim de tarde
a gente se beija e a gente faz arte
a gente vê filme acende incenso
a gente se entedia e entende o momento
a gente escreve poema pensando na estrada
a gente ama a gente canta a gente dá risada
olha a janela sem pensar em nada
ouve disco e faz um som
olha a canga o apanhador
a gente se espanta a gente se encanta
a gente entoa o om
recebe amigos pais mães avós
irmãos irmãs avôs e primos
primas sogros e sogras
a gente festeja a gente chora
a gente faz música e abre um sorriso
e de peito aberto para um improviso
a gente vive uma história de amor
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Modernidade
lema moderno
moderno
lema poema
terno
andando na lama
brincando
na chama do inverno
andando
um lama eterno
interno
olhar sem transtorno
na chuva
uma nuvem mudando
segue
um eterno retorno
criar o novo
de dentro do ovo
tirar o alho
do tal do baralho
achar o ritmo
no som do chocalho
brincar de discreto
no seio do branco
ser um tanto concreto
sem saber o quanto
transando paragens
de dentro de imagens
mudar ideias
lançando miragens
como num vôo
por entre as palavras
abrindo passagens
tropeço nos versos
eu faço reversos
como num sonho
concreto
abstrato
parece risonho
o nosso retrato
juro que espero
o ato dos atos
um verso discreto
recato profeta
vulto ilusão
citações
Enfiem no cu
suas tão valorosas citações
se não conseguem
pensar sozinhos
isso não é
problema meu
cotidiano da ciência
devolve
tiro no pé
Sensação de esquecer
de estar esquecendo algo
confiro mentalmente a bagagem e tudo está ali
pétalas de azaléias sorriem pra mim
chovia consciência em nossos telhados atentos
As nuvens permanecem:
beuganvilles e azaléias floresciam na entrada
portal de cores e madeira nos roubando as palavras
flor dentro da flor risada sobre a risada
rosa envelhecido, tons de nostalgia
nas pétalas do tempo sensitiva é a poesia
Outrando-se
tenho resoluções certeiras
e de certo modo fixas
Sobre aquilo que me comove,
ser ou não ser
de modo passageiro
estou tranquilo em meus anseios
e talvez de pés fincados
no solo perturbado
das ilusões sem precedentes
expreito curioso
a cotidiana experiência
de divagar em meu calmo labirinto
eu me curvo ao meu ser superior
incertezas inconstantes
fico atento aos instantes de mutação interior
meu olhos
mais precisamente
meus globos oculares
são envoltos por uma névoa
que os sustenta como um manto
garras feitas de seda
uma alvorada entretanto
névoa crepuscular
laranja sensação
de uma tranquila ardência
fixa no agora
intenso profundo oceano
de ser em si outro
mas, como um capitão
de uma incrível nau
que em meio a um naufrágio
se eleva aos raios sorridentes
de uma lua cristal-crescente
e assim permanece
em lúcido vôo de tempestiva loucura
Três pessoas. Seis. Sete
a sempre imaginária
roda simples
de encontros reinventados
um sabor ócreo-púrpureo
de um amargor quase silvestre
um sabor quase inconteste
da doce realidade
que é servida na esquina
de qualquer grande cidade
Quantas mutações cabem em um instante
com quantos devaneios se configura uma fuga
com quantos saltos uma entrega delirante
se revela evolução e percepção iluminada
e se nas gotas dessa chuva fosse tudo uma ilusão
fosse tudo real na fronteira do nada
Lágrimas segundantes
desdobrando a via errante
na face esbranquiçada das nuvens
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Pôr-do-sol no sexto andar
na lucidez do apaixonante.
cotidiano à dois é inebriante,
Invenção do mundo em mil motivos
Instantes sinceros
nas intenções de se amar
Num prédio do centro, sexto andar
a cada momento,
uma história de amor acontece...
O suceder dos dias,
por vezes tão rápido no mudar das cores
momentos eternos quase relapsos
um puro amor intenso como o das flores
sabor de inverno
atravessando a primavera
na janela do andar um auspício me espera
se revela concreta do fim ao início
a vista indiscreta do horizonte urbano
o que não impede ao sol, meu pintor favorito
suas colorações inéditas de criador insano
praticando vipassana com pratos ensaboados
testemunho nossa cozinha ensolarada
sempre em movimento quase nem sinto
aquela saudade da estrada
(vicío de olhar
todos os dias em seus olhos
de mirada esmeralda
e infinita como o céu)
narrativas míticas se perdem
na lucidez de um apaixonante cotidiano
à dois inventamos o mundo
em nossas mútuas intenções de se amar
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Noção de consequência e fim numa noite fresca (work in progress)
cheio de noite
Não fugirei ( )
aceitarei as metaformoses
e acalentarei suas raízes vãs
Vício amareluz
da esperança
vício de amar a dança
principio de amar a luz
amar reluz a luz de amar
amor e luz
saem juntos pra dançar
a luz de amar re-luz no mar
luz e amor se combinam ao luar
Lua cheia,
sua aura realça
o amareluz das alças
de luz na luz
do quadro azul
da noite escura
relaçando a obscura
procurainvenção
de amor
“de mais e mais amor....”
o amor reluz
a aura cheia de luz
amareluziu
uma luz que se apaga
segunda-feira, 28 de março de 2011
elegia outonada (outunnig elegíaco)
ela me olhou
fechei meus olhos
o tempo parou
Olhei pra vida
ela me olhou
fechei meus olhos
no pouco que sou
olhei pra vida
ela nem percebia
fechei meus olhos
pra ver que sorria
olhei pra tudo
e o mundo mudou
estranho andarilho
que me perturbou
olhei pra fora
e vi a estrada
louca e errante
correndo pra nada
olhei pra fora....
e vi a estrada
doce princesa
de tudo e de nada
olhei para o olho
pra ver eu olhando
só encontro um escuro
luar me amando
olhei pra tudo
pra ver o futuro
fechei os meus olhos
pra ver o incerto
Inverti a retina
pra ver se sorria
o mundo nem via
o mistério tão perto
olhei os seus olhos
e hesitando um segundo
vi folhas caindo
em outono profundo
olhei para vida
enxergando sem lema
abri a ferida
e escrevi um poema
olhei os seus olhos...
tão lindo o agora
e lancei-me em seu verde
ao lembrar nossa história
olhei os seus olhos
tão louco o agora
e lancei-me em seu verde
sem sonhar a vitória
caiu uma folha
na escolha do tempo
se assenta num susto
suave momento
caiu uma folha
na escolha do tempo
se assenta suave
num leito de grama
tudo tranquilo
num peito que ama
caiu uma folha
num denso mergulho
se despede dos galhos
e se deita sozinha
como todas as outras
fazendo sua parte
uma ideia noturna
permance sombria
o outono é pra mim
sempre uma arte?
caiu uma folha
numa queda marcada
e de algum modo sem motivo
me alegro em estar vivo
me alegro pela amada
caiu uma folha
na escolha do tempo
é possível cair
sem o sopro do vento?
terça-feira, 15 de março de 2011
Deságuas I
em ciclo sem fim
prescrito o rito
será o fim serafim?
ao som dos universos
inaudito às galáxias
transcrio meus versos
às novas sintaxes
enquanto isso
matem-me
no tempo na dela
uma estrela me espera
nesse espaço momento
sou apenas pra ela
meu brilho é ela
meu sol é ela
meu eterno é agora
céu com janela
Deságuas II
agorasempremundo
o prazer no que vivi
eternovastomundo
um rio retornando
em gozo fecundo
da própria serpente à sua semente
um lindo segundo
mordendo sonhando
a luxúria de um ato ao som do regato
um sonho somente de eterno retorno
o gosto da fruta a doce maça
o lábio da flauta,
a suave fumaça
desnuda gemendo o prazer da manhã
a vida é um orgasmo
beijo que passa
Luas lembrando cor de romã
implode o marasmo e tão derrepente
amor florescendo no seio do agora
parece um presente a cauda é o olho
o horizonte a aurora
o olho é a cauda
o tempo que acabe
amor que deságua
em mar suicida
que tudo desabe em uma ferida
fazer do oceano avenida florida
nascendo de novo pra te conhecer
luaral que inicias
responde ao destino
dá em mágua essa vida?
Dá em vida esse viver?
...
os ruídos da incomunicabilidade
posto que não há
alegria maior
do que uma comunicação
bem estabelecida
o amor já não sei
mistério profundo
ao som de poréns
viajens insanas
rumando ao incerto
riso louco que dança
esperança
até no deserto
"alegria é a prova dos nove"
Espelho solitário
ao que resta
de segredo
tudo que me falta
escorre a esmo
no destino arlequino
cantor da solidão
cantor da solidão
no destino arlequino
escorre a esmo
tudo que me falta
de segredo
ao que resta
deixo uma palavra
Ass... Talkings
o mundo num segundo
o mundo é assim
passageiro viajante
devaneante impermanente
louco visionário asceta
deus renascido
som da floresta
depois do fim
o mundo é assim:
gosto de fim de festa
no pouco tempo que resta
seguindo errante
inconsequente
em sua loucura
de girar
eternamente
diapazão
na paisagem
trespassam minha visão
aprofundo o equilíbrio
ressoando o diapazão
insipido início
dessa percepção
aos loucos tiroleses
alguém passa
berrando suspenso
sobre o céu
do nosso momento
de tempo em tempo
passa alguém
berrando alegria
no nosso porém
um louco divagando
mergulho imenso pirando
aéreo sobre todo festival
tirolesa lisérgica
anima o carnaval
folha na sombra
fazendo
sombra
na folha
fazendo
sombra
na sombra
fazendo
folha
na sombra
nascendo
escurece
o silêncio
Luz
aos amigos mineiros
sua sina estradeira
me persegue nas curvas
de suas serras mineiras
Gerais
são todos os caminhos
sentimentos intensos
nesse sonho imenso
rio de amizades
no qual me perdi
para me encontrar
voar e morrer de saudades
lembrar que sorri
e vivi de verdade
frutos da estrada
não brotam do acaso
descaso sonhado
da nossa risada
escriba de piras
ao som de miragens
escriba de piras
marcando passagens
viver é mais simples
no mundo embrião
só quero mesmo
abandonar a ilusão
estréia
de frente
ao pôr-do-sol
e com uma
janela de árvores
aberta à via láctea
Inauguramos
o carnaval
numa noite
ébria de rock 'n' roll
é dia
de esquecer que hoje é dia
dia ou ilusão
gostaria
de esquecer que hoje é dia
de qualquer coisa
que não poesia
qualquer sentimento
que não paixão
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
uma dança
tentava conter a ventania
ao modo que um sabiá
paquerando em dia frio
suas saias e pétalas
levantaram transpirando
em cores o fervor do baile
admirados
os galhos sustentavam o ritmo
tudo a contemplar
a contra-dança sem par
atiçando a ventania
olhar de susto
aos seus olhos
e amo o infinito
de tudo o que vejo
fluindo
e escorrendo em minutos
transmuto tão susto
que assim tão doce
nem percebo
por agora
não adianta ler poemas,
inconsolável é a essência irônica
daquilo que te aflige
Não adianta o gol, o prazer
o presente
nada cala o ardente
olhar que te falta
nada substitui
a carícia que te enlouqueceu
aquela boca que te seduziu
para mostrar em êxtases
os cantos coloridos
onde reluz o universo
Vem Amor
em algum lugar vai dar
Que ao menos haja dança
transbordando de esperança
a espera de amar
O barco foi lançado
um dia vai chegar
que ao menos haja fogo
transbordando todo lodo
no medo do luar
Entre espirais e suspiros
inventar um novo hino
no florescer de um sonho intenso
Aceitar cada momento
Vem amor
que não temos muito tempo
não existem contratempos
iludindo nosso vôo
Vem amor,
o céu é tão imenso
brincadeira de menino
no gosto bom do jogo
Vem amor
que o sol é devaneio,
beijo derradeiro em sonho estradeiro
colorindo o verão
Vem amor que o mundo é vão
vão-se os dias passando então
já não nos resta muito
com que se preocupar
o céu é nossa estrada
estrela guia da alvorada
nos chamando pra voar
Desaprendendo
e a despedida
uma estrela despontava
repentina anunciava
a vinda das constelações
entre a espera
e a melodia
o dia se findava
e a estrela anuciava
o entardecer das ilusões
levantamos,
tendo acompanhado
o pôr-do-sol até seu fim
E saímos aliviados
pelo mundo ser assim
tranquilos e sabendo
ter desaprendido o suficiente até ali,
Agora suspeitávamos
com mais clareza em nossos escuros
qual o lado da noite umedece primeiro
arco-iris
na estrada um portal
de cores e luz
enamora-se nos raios de sol
Sem que percebessemos
prismas de água desabrochavam
na boa sorte de nosso temporal
rumo ao sol
num sonho, voam livres
o verão ressoa
Novas lembranças
serenam raízes, um tema
de vida a toa
Rumando ao Sol
esquecemos o medo
Tranquilamente
manhã de sonho bom
sozinho
tenta
tecer a manhã
os olhos
são amanhecidos
de surpresa
depois de um sonho bom
tons de turquesa
invadem a lembrança
na ponte do rio Zé Pedro
faz sentido nossa andança
a esmo
Seus Rabos
No pasto do sossego
esqueço de tudo
num bom de miragem
lembro de como é bom
estar a esmo
mesmo que seja só de passagem
embalo da estrada
numa brincadeira risonha
estranho jeito de estar diferente
sonho suspeito que vem de repente
nas veias no imenso Brasil
Apenas amor se fosse pra escrever
apenas uma palavra no seio da estrada
que vai dissolver poesia em risada
tudo embalado na mesma jogada
reta longa
num segundo eterno
Deixe estar...
(Corações de ouro
desbravam Minas)
Tudo ficar
Por morros e curvas,
Entardecer
Em uma viagem desaparecer
Voar no sopro sonhado
no vento tão esperado
dançndo numa reta longa
poema estradeiro
lisas e frescas
como o vôo sincrônico de um casal de araras verdes
Sobre as veredas e curvas da estrada
lembro-me de um poeta japonês (estradeiro também),
costumava dizer que poesia boa,
como um salto ao além,
se escreve fora de casa
ao ar livre livrando as asas
E assim siguimos essa viagem musical
sobre quatro rodas
Brasil afora num passeio astral
sábado, 5 de fevereiro de 2011
cigarras e cores
(mostrou-me minha morena):
é na copa dos coqueiros altos
que as cigarras gostam
de explodir a tarde
A volta
aperto o botão do elevador
Sob a tão cotidiana
luz da cruz do Guadalupe
estranhamente me sinto em casa
A descarga continua
o seu antigo vasamento
a geladeira que não teve
outro destino
uma viagem passa
e me lembra um sino
anunciando a grande festa
um monge sorridente
(isolado em alguma floresta)
a assopra sua esmerada
mandala de areia
feita em homenagem ao ar
Posso eu contar?
ou apenas
continuar
viajando, caminhando
sem cessar...
esse sonho rápido
de gosto tão intenso
que só encontramos no imenso
seio da estrada
Toma a mim completamente
até muda minha risada
eterno transtorno
em si mesmo
o próprio prego que o mantém preso
Na parede do museu
uma fixação apregoada
enferrujava infalivelmente
seu emsimesmamento
impressionava até o tempo
aplausos em tom de sarcasmo
sacudiram o seu marasmo
Flamboyant
ela nem percebia
em meio a cores quentes
chovia vermelho no chão
enquanto coravam
rosadas as pétalas
desabou meu coração
Árvores a marés
embaladas pelo vento
com suas raízes submersas em oceano,
agradecem molhadas à Lua
Enquanto isso uma borboleta Louca
livre e Leve flutua
num caso de amor arriscado
A maré se joga numa praia estreita
e sem suspeita, se apaixona
Num susto que anda de lado
uma inadequação me inundou
a beira do mar quedou-se em ostras
fiquei sem jeito de lidar com as coisas
Sem dar com isso
árvores e marés
orgiasticamente
continuavam seus ciclos
mergulhos e submersões
sonhos e intensões
floresciam desta dança
tão lunar
em seus prazeres terrenos