quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

emanações do infinito

Não existem contradições
nas emanações do infinito
tudo transcorre com harmonia,
transcendental poesia essa da existência

Cai o pôr-do sol sobre a cidade
derramando seu banho dourado
Sobre as histórias cotidianas

Encobertos, condicionados
Apenas alguns poucos
atentam-se para benção

O sol
explode sua energia
sobre as retinas abertas

O tráfego
quase emudece
perante o silencioso
brilho intenso
dos raios de ouro

O dia
em ventania
ao céu em nuvens azuladas
oferece-nos um espetáculo

entardecer sempre esperado
sempre renovado

a cada eterno
instante em mutação
na superfície das nuvens coloridas

Teia e pétala

Instantes antes
de cair no chão
Um pétala rosada
é capturada
pela sutileza
de um dos fios
de uma teia
auspiciosamente
armada
por uma aranha
que, supostamente
não entendia
nada de poesia

verdade outonal

Uma verdade outonal
Bateu à porta
de meus dias lúcidos -
Vou despertando para o brilho do sol

E com mais clareza
tateando o imponderável:
Motivo orquestradamente
colorido, denso e impressionante
quando se busca
atingir em vida
as possibilidades sedutoras do incognoscível

Esse mistério que tanto me fascinava
Vento louco que me perturbava

Quereres


Queria que o tempo
parasse
para que escrevesse
sobre o seu passar

Queria compor
canções maravilhosas
e assim apenas com palavras
poder viajar

e com melodias potentes e cativantes
sinceras e envolventes,
reverberar
todo mistério
que carrego em meu peito

Queria compor álbuns
conceituais
sobre minhas experiências
transcendentais

O caderno

O caderno que carrego comigo
no vazio em branco
de suas páginas contém
todas as possibilidades
de minhas imaginuras
todas as viagens
de meus passos para o além

Passo ao largo
de promessas e pedidos
sou vento louco
carregando a tempestade
aleatoriamente
abro a página vazia
e sobre ela
precipito meus olhares

Quero rumos, incertezas, desafios
impulsionando-me para o distante de mim mesmo
onde encontro a satisfação certeira
no movimento de uma vida estradeira

Sem olhares o caderno me interfere
à tira colo sempre em meu colete
Sabe tudo o que ingiro,
tudo que calo
tudo que transfiro
da realidade para os atos de viver (in)versos


Atrás do museu de arte

No parque
Atrás do museu de arte
os burgueses levam
seus cachorros para passear

Como o dia é de sol
exibem inflados
seus óculos escuros
na tarde de um dia de semana

Eu- poeta- sentado em um banco
do mesmo parque
atrás do museu de arte

Apenas esperava a chegada
de algum verso ou melodia
no entre tempo dos compromissos
buscava em silêncio
a harmonia de uma nova canção

em verdade procurava
no miolo da tarde
encontrar alguma calmaria

para meu coração
desejoso de fuga

No banco de um gramado
atrás do museu do olho
enquanto os burgueses
passeavam com seus cães

Minhas retinas sonoras
buscavam lúcidas
os silêncios, os palpites
escondidos na desilusão

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Brisa movente do tempo II


Tudo por que andava distraído
e um dia soprou de leve
a brisa movente do tempo
sobre minha face sedenta de chuva,
e sol poento, e estrada presente
nas escolhas atadas à sina do grande amor

e viajei emocionado com todas as possibilidades de viver
Queria encontrar cada amigo, com no mínimo
uma madrugada para conversar
e compartilhar com eles sem mal entendidos,
posto que não há alegria maior
do que uma comunicação bem estabelecida,

Todo Indizível de nossas passagens e travessias,
Ainda não terminadas
Toda maravilha, toda poesia, todo espanto
De nossas conversas improvisadas
Poemas temporários,
Dias sem itinerários
Que como castelos de areia
À beira da praia
Se desfizeram com o beijo das ondas

A brisa movente do tempo

Um dia soprou de leve
a brisa movente do tempo
Dois passos que dei derrepente
Tropeçaram no porém do futuro

O que dizer do ininterrupto
fluxo secreto da vida?
O que silenciar
no segredo que emana do fim?

Sou pouco para tanto viver,
Sou muito dentro os tanto tropeços
e entre os erros que cometi
os arranjos que me conduziram
ainda espantam com a surpresa de tudo,

o mistério conduzindo lembranças
sugere o rumo perdido
de todas as viagens realizadas

Tantos sorrisos, canções, praias
rios, cachoeiras e madrugadas,
entorpecido me encontro
pela própria potência da vida!

Ah! Ainda há tanto para se fazer,
tantas estradas a percorrer...
tanto já me fascinei com todos os sonhos vividos:
fluxo sequência de acontecimentos sem fim
lábio reluzente em noite de lua cheia
Paisagens em movimento na Janela lateral
Todas as rotações das incontáveis estrelas dos inumeráveis universos
e tudo o que queria é pouco para o tanto,
lapso de eternidade provável que em resíduo último sou...

Infinito buscado de cada segundo
Promessas lançadas no passado distante
Tudo isso me engrandece e me ridiculariza
como a trajetória humana de cada entidade viva
encarnada neste corpo destinado ao prazer e à transcendência!

Ah! Ainda há tanto para enfrentar, tanto para amar, tanto para sonhar...
tanto no entretanto de tantos poréns
que assolam o enquanto desse além de que nunca chega
Esse desafio de aprender a cada desencontro
a responsabilidade de manter-se louco, ao menos um pouco
sendo amor da cabeça aos pés
apesar dos compromissos, apesar de tudo:
esse futuro que tecemos a cada aurora
esse mistério gostoso de cada entardecer

Seja o dia paleta densamente colorida
Ou de moldes cinzentos definitivamente opacos,
vivemos e tecemos nosso rumo incerto,
estradar movente da vida que nos guia

O sol que nos movimenta em suas rotações
Peregrinações cíclicas em torno do centro do universo

Entre o silêncio da contemplação
e o êxtase do cantar transcendental
multiplica a existência ínfima de meu temporário
Karma Terreno...


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poética


Não me nego à inspiração
Quando ela bate a porta...
Mesmo que ela não me atenda
Quando, todos os dias
Toco a sua campainha

Sem Reservas Ao Amor


Haveria algo melhor do que
sermos amados apesar daquilo que somos,
Amar esse mundo imperfeito
Sem desejar mais do que esse jeito:
Condição perene e tropeça
Que tanto nos decepciona e espanta?

Haveria algo melhor, no amar
Do que ser amado, derrepente
Por sermos simplesmente
Aquilo que de fato somos? 

Sem correções, adições, 
expectativas ou melhorias
Sem contratos, promessas
Previsões ou garantias

Assim como fomos o vento
O sereno e o suor daquela noite fria
Em que nos amamos sem desejar da vida
Nada a não ser um ao outro,
Tudo apesar do futuro.

Sermos completamente amados,
Como se a vida poesia,
-Sempre ao nosso lado-
Desse-nos todos os dias
Um sinal certeiro que estamos no caminho.

Mais querer este querer
É não amar a situação imperfeita
Pelo o que ela é de fato:
Somos amados pelo quanto amamos
E não pelo quanto queremos.

Querer este querer
É querer um mundo perfeito
Onde seriamos amados
Apesar de nosso jeito-
Incondicionalmente
Apesar de nossas imperfeições.

É mais fácil amar
Esse mundo assim imperfeito,
Posto que perfeito em sua imperfeição
De não sermos amados assim tão facilmente

Do que esperarmos que ele seja perfeito
Para que possamos enfim e completamente
Entregar-nos insuspeitos
E Sem reservas ao amor

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Voando

Minutos disfarçados
Sobre a beira de um abismo
despertam-se voando

Fruto podre

O risco é o preço da ignorância,
O fruto podre da razão prepotente

Úmido

Faces sob a chuva
negros passos, úmido
o dia se dissolve

Lá! (Ainda)

                                                passo
                          desfaço
tudo
               aquilo
                             que sabia
                                     
                                               percalço
                         esqueço
tudo
                aquilo
                           
                                   que me prendia

renasço

             transformo

                             transmuto

todo

            viver                
                             
                                     em poesia


Trilho,
       
            servindo
                           
                                     a estrada da liberação

Busco voltar

                     ao lar

           Lá!                          

                              além de toda ilusão

onde cada passo
         
                                   é uma dança

e cada palavra
                           
                                   uma canção


Susto de um tropeço

A chuva no tempo o espaço
desejo o sonho e a poesia
o improvável incerto
pecaminoso deserto
dessas sedutoras miragens
que fazem o querer de tudo

papel em branco
o compromisso
esquecimento omisso
de alguma obrigação vindoura

os amigos as mudanças
a esperança sedutora
de curtir um barato total
sem fim nem começo

inspiração genial
no susto de tropeço

Caminho da Canção

Na tarde dos dias
os pensamentos-vôos
da consciência viajante

Quisera eu
ser os sons da manhã
apenas ressoando, cantando

Nossas tentativas mais ousadas
de compreender os outros
são nossas maneira mais refinadas
de afirmar a nós mesmos?

Só sei que nada sei
infinito porém esse da sabedoria
etérea, divagante, incerta
tenho preferido o canto
tenho praticado a poesia

Deus é Deus
por que está além de tudo
e ilimitadamente infinito
No espectro largo
de um segundo apenas

Quero espaços de tempo
para debruçar-me sobre o violão
Quero divagar em acordes buscar melodias
e no improviso de alguma inspiração
encontrar o caminho de uma nova canção

Imponderável

o amor supera todos os paradigmas

(im)permanente

Fim de inverno
Trouxe nuvens de chuva
o vento passa


Fruto semeado

Ama teus amores
Lembrando-te sempre
dos passos silentes do fim

o dia tem aromas efêmeros!

Mira a eternidade
para que num susto
desperte para realidade,

como a Lua em seu rumo

A vida passa
e por entre os dias,
assim na poesia caminha

Sempre diferente
do que imaginamos
O fruto
daquilo que semeamos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Pétala e o Vento


Deparei-me com uma pétala,
Rosada envelhecida,
Pétala de bouganville
Dependurada nos fio de uma teia
Ela equilibrava toda
aquela tarde de sol e vento
Em seu improvável descanso aéreo

A aranha, ainda desinformada
Mal sabia do óbvio
Espanto de imensidão
Que se encontrava equilibrando
Os segundos de uma tarde
Em sua armadilha sutil

Suspeitei no início
Das intenções evidentes daquela pétala
A mente racional entrou bosteando
Dizendo que pétala não tem consciência
Nem intenção para dependurar-se
Assim tão poeticamente
No equilíbrio da tarde
Em uma teia de aranha

Demorou-me a surgir o poema
Tão explícito daquela situação
Ao ler uma entrevista,
De um poeta songo e genial
Que é dado a brincar com as palavras,
É que desabrochou o poesia
Contida na impressão primeira
Daquela visão tão antióbvia

A vontade da pétala
Era seduzir o vento
Desafiar a gravidade
Para além de todo pertencimento

Ficou evidente
Que ela estava enamorada
E assim desvairada,
Perdida em impossibilidades
Louca de amor
Lançou-se lascívia
Sobre uma armadilha de éter,

Virou vitral moldura
De um amor impossível
Aquela teia de aranha
O vento lambia
O corpo colorido
Daquela pétala em equilíbrio

Um amor improvável
Comprovou-se sutilmente
Nos atos do tempo

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Prefiro o Mistério




Que as coisas independem
da vontade dos humanos
(escapando sempre
de seus planos e controles)
para mim é evidente

Mas será que as coisas
independem mesmo
da vonta de Deus?

Então é somente o acaso formando leis sem vida
que faz com que dias e noites
sucedam-se ciclamente
na imensa dança das estações?

Então são apenas tendências e probabilidades
que interrelacionamdo-se de um modo indefinível
regem o bailado dos astros
a sinfonia de nascimentos e mortes
e a queda das folhas do outono?

Não seria a energia de Deus fluindo
Isso que chamamos de lei natural dos encontros?
Não sei, nesse planeta ínfimo
grão de areia flutuando no universo
Prefiro o mistério

Lições da Mata


Feridas mal tratadas
certamente inflamarão

Barraca mal armada
umedece
e entra água

é no entardecer
que a imanência dos mosquitos
é mais evidente

é também
quando os bichos fazem um som
na frequência do om
a criação se alastra

chuva de relâmpagos e trovões
estremece e ilumina
quando reverbera o chão dos vales

a época das chuvas
é também das borboletas

o tempo é tão instável
quanto eterno

o amor é louco
mas também razão
o inimigo é também irmão
e o sol pode gostar mais do inverno

é possível perceber
o instante em que nascem as estrelas

nós somos todos mangas deliciosas

os insetos mais coloridos
são também os mais venenosos

os pássaros conversam
em idiomas musicais

certas flores não vivem mais do que uma tarde

em solo fértil tudo
o que é semeado frutifica

Roseiras, entre outras sutilezas
precisam de cuidado
tudo precisa ser fecundado
a amizade é um valor atemporal
e a qualidade de vida
dá saltos quânticos na percepção

uma borboleta azul passou ali

quero morar no mato
mas quero uma casinha
simples e confortável

uma cama, uma rede
um fogão um pé de manga
um pé de abacate uma lareira
uma horta uma bananeira
um templo uma viola um som

mesa embaixo da árvore
amigos família filhos
poesia tranqulidade e amor

vontade de cantar
por que a vida vale a pena
tem sentido e tudo mais
melhor previnir do que remediar
melhor sonhar do que voltar atrás

-
Vamos esquentar mais água
tomar mais um mate, ela diz
ainda temos tanto pra conversar
olhar no olho ficar na varanda
e ali do lado ver a chuva passar

Vamos lembrar dos amigos
comer biscoitos
Não há nada tão simples como amar
e deixar a vida escolher pela gente
o rumo do nosso estradar

Vamos olhar para as flores
Sabendo que os planos
são só brincadeira pra se distrair

Melhor que sejam sonhos
afinal tudo é imenso
e agora não é hora de pensar em partir

Vamos ficar tranquilos
serenando a mente dar uma volta,
passear no mato
e tomar um banho de cachoeira

Tendências

 Não fazer da literatura um reflexo da própria vida...
Alguns pensam assim criam e escolas,
Ou simplesmente limitam-se e almejar sua obra-prima
Que será lida e reconhecida
Quando o mundo perceber
Que por trás daquele ente solitário
e viciado em literatura
Havia um gênio

Não posso fugir dessa tendência beat
Que tanto me fascinou, minha realidade é imaginada.
E minhas imaginações têm lastros para além do ilusório
Crio com um rio que escorre
Suas águas sem opção de serem estancadas

Meu fascínio pela transcendência é inescapável
Krishna ouve cada entre linhas de meus poemas
E faz comigo as canções que eu faço

O ateísmo me soa como preguiça
De se deparar de modo detido
Sobre as questões para além do concreto,

Sobre a fonte dos movimentos e impermanências
E a responsabilidade de quando se ousa
Reconhecer-se eterno 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sobre Aquela Sexta-Feira


Em uma noite de sexta-feira
a lua crescente derramou
seus raios da lua da de benção
e declarou:

que choveu sonoramente
a misericórdia para além da mente
sobre as ruas escuras do Largo Da Ordem

Subvertendo toda probabilidade
Indo muito além de qualquer previsão
Um grupo dançante e irradiante
-Declarando guerra contra a Ilusão-
saiu em cortejo com seus instrumentos
Védicamente afinados

Entoando os santos nomes de  Sri Krishna
com toda a força de seus pulmões
sem se importar com o vento frio
sem se importar com os olhares espantados
Que enfim se renderem e dançaram
Animados pela luminosidade incontestável

Canto que fazia retumbar
certa desordem divina e maravilhosa
Verdadiros Malucos e Malucas
Belezas buscado a pureza
tropicalistas transcendentais
entusiasmados na noite auspiciosa
loucos de Deus Sem medo da noite
sem medo do escuro ou da solidão
Apenas precisando ver o Luar
mergulhados em uma pira sem ressaca
irradiando e retumbando
a profecia perfeita de Sri Caitanya MahaPrabhu

Saíram do templo,
que muitos acreditavam já ter ido dormir
acompanhados e protegidos pela energia espiritual
de um devoto puro e pleno de amor por Deus

Floresceram cores
na noite escura da cidade
laranja roxo amarelo púrpura
azul verde e açafrão

Os olhos ébrios e vermelhos
daqueles que buscavam na matéria o prazer
quase não acreditavam na alegria que contagiava
Vindo daqueles que cantavam apenas uma canção
As dondocas arrumadas,
esperando na fila para entrar na balada
certamente espantadas com as roupas simples dos devotos
Animaram-se e dançaram também
Sob a cara feia dos policiais em fila,
Que certamente sentiram uma vontade- mesmo que pequena-
de estar ali vivendo tão alegremente

em uma noite de lua crescente
observando os atos do largo da ordem
um cortejo de devotos fez dançar
Toda a desordem dos iludidos
que mesmo sem se darem conta
estavam recebendo gotas do néctar supremo

para além da ressaca moral do ocidente racionalista
nos entregamos às marés da verdade absoluta
Sem medo de perder a compreensão da diferença
entendendo que tudo emana da pessoa Suprema
Vamos sendo harmonizados aos arranjos da verdadeira revolução

Olhando para fora do mundo
encontro a eternidade
refletida nos olhos daqueles que vêem
e buscam a verdade

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O criador certamente tem uma queda profunda por paradoxos



E Deus já sabia de tudo antes de criar o mundo
-Mudo silêncio da vastidão emanando-
Metrópole sarcástica plenitude
Cachoeira fluindo de sua ininterrupta vibração
Matriz misteriosa e inconcebível
Chafariz de novidades cíclicas
No eterno retorno de todos os ineditismos irônicos

Assim como por agora se encontra acontecendo
Ele, existindo de novo a cada nova parte de sua criação,
Já sabia de tudo e estava em tudo antes
Que tudo passasse a existir porém.
Repetindo ressoando em ritornelo
O fluir infinito na paleta de cores de um pintor
Sem limites ou pudores para olhar além.

Do mais sabe sabia soube
A poesia ,o desencontro e a desordem
De cada esquina de cada esquecimento
Deus sabia e ainda se lembra
De cada sofisma e de cada casamento
De cada silêncio e de cada sintoma
De cada orgasmo de cada marasmo
De cada futuro de cada viagem
De cada transgressão e de cada liberdade

De todo amor, carinho, raiva,
Tédio, prazer, loucura e euforia
Borbulhando como água fervente
Nos corações flutuantes de cada uma de suas criações
Impermanentemente angustiadas por sua energia ilusória

Milhares de religiões, xamanismos e práticas espirituais
São inventadas e concebidas nos universos
A cada instante do tempo relativo,
Encontro motivo no sono sabido que sinto na tarde
Deus sabia desse poema que agora escrevo
Antes mesmo dele nascer no meu tédio
Ou apontar seu faro frenético e calma
Nas antenas desejosas e famintas de minha poética bruxeleante

Penso que invento
Mas recrio sempre e sem escolha
A mística inédita
De viver um destino prescrito
A cada novo dia sem precedentes

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Um poema longo, para quem estiver disposto

Transbordar em palavras, como sempre
as divagações desse meu eu atribulado
que segue tropeçando, inconsequente
em suas próprias escolhas do viver apaixonado

Sou incapaz agora, e sinceramente assumo,
de ter ao menos vontade de transcender
essa minha condição humana, demasiadamente humana
que dissonantemente reverbera em meu viver.

Sou uma alma condicionada, eu sei.
uma folha seca ao vento, menos importante do que palha da rua
mas por entre os grilhões de minha prisão ilusória e passageira
quero ao menos festa e sorriso, prefiro encantar
cantar, gozar e viver: correr o risco
dessa vida que se apresenta agora como vida
como café, como prazer, mesmo que temporário
quero conversa sem itinerário, quero madrugadas!

Tenho quedas platônicas por todos os naufrágios e epitáfios impossíveis.
Quero risada, poema e lágrima,
e se esse for o preço, quero também a ilusão,
esse tema cíclico na eterna realidade de inspiração e expiração.
Quero movimento e assumo as translações desse ser em sofrimento...

Por agora não quero me sacrificar pelo paraíso futuro,
pela minha vaga no mundo espiritual.
Pois sei  que de algum modo estranho e caprichoso,
no meu ponto de vista iludido e apaixonado,
ela já está garantida em algum lugar e tempo de toda criação...

Pode Krishna me amar e me aceitar,
mesmo com meus desvios, caprichos e imperfeições?
Não almejo ser seu devoto puro e íntimo,
quero apenas cantar teus santos nomes
e escrever poemas sobre sua perfeita e maravilhosa
obra-prima genial chama vida, misteriosa e imensa vida...
Ser talvez, depois da morte, um átomo das melodias de sua flauta
e se não for possível, encarnarei novamente
para amar, me apaixonar e fazer poesias
sobre as sutilezas maravilhas e heresias
que emanam sempre de sua pessoa perfeita e absoluta

Talvez- ou certamente- minha alma não sirva agora
para seguir os princípios regulativos
para principiar os passos definitivos rumo minha libertação final
mas quero te servir, ó pessoa suprema...

Mas será que posso amar a vida sendo permissivo?
mesmo mantendo banalidades em meu eterno ser transcendental?
Ser ao mesmo tempo corpo, mente e espírito?
Será que posso ser ao mesmo tempo imperfeito e consciente?
Dando passos mansos, sossegados e silentes na trilha austera da espiritualidade?

Toca o sino, muge a vaca, o sol se põe...
se tudo isso é Maya, e eu sei que é,
pois quem sou eu para discordar das escrituras?
Concluo impermanente que ainda tenho karma pra queimar....

e o que pode o ser imperfeito e impermanente, em meio as escrituras
perante as criaturas- almas também condicionadas - senão amar?
amar e esquecer, amar e malamar, amar desamar amar?
amar aquilo que o mar traz à praia, àquilo que se perde na maré incessante dos dias...
o que posso eu, ser em rotação universal de caprichos e impurezas humanas, senão amar?
amar e assumir, melodar e sorrir, como sinceridade sobre meu devir perigoso?
e farejar no caminho auspicioso algum traço da liberdade perdida?
Será que tudo fica pra depois? pra depois da morte? pra depois da perfeição?
será que o cotidiano em combustão não pode ser libertação?

Quero ser suave e ameno como um fim de tarde, como uma conversa entre amigos,
tranquilo como um céu azul, manso como um sorriso
quero estar além de todo o julgamento, moralismo e punição
além do pecado, além do pensamento, além da mente, além da ilusão
e transformar em calmaria, transmutar em poesia
esse lúcido tormento da matéria condição

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Sol esperava radiante


O Sol esperava radiante,
Tornando mais quente
Aquele dia frio de inverno

Saímos pelas ruas do centro
Cantando alegremente
Os santos nomes do senhor

Com três violões uma mridanga
Címbalos e muito amor
Estremecemos
as estruturas ilusórias da cidade

Embalamos o amor latente
No coração de cada cidadão vivente
Que se deparou com aquele cortejo
Alegre colorido e dançante...

Alguns estranhavam outros sorriam
Mas ninguém era capaz de ser indiferente
Àquela onda devocional

Como o violão em punho
Fui mergulhado no néctar
Pelo qual sempre ansiei

Associados maravilhosamente
Eu e amada fizemos parte
Daquela multidão singela
Que acordou mantricamente
As ruas de Curitiba

Fazendo ressoar aos quatro ventos
A vibração transcendental do mantra
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare

Como se tomados por uma alegria
Maior do que nossos sorrisos e vozes
Fossem capazes de conter, cantávamos
Sem nos importar com os olhares espantados

Apenas tendo consciência
De estar fazendo aquilo de melhor
Que poderíamos fazer de nossas vidas:
Entoar os nomes do senhor Krishna

Trazendo paz para o coração do centro
Assim como no centro do coração está  paz

Senhor Caitanya certamente se alegrava
Ao ver sua profecia amorosa ser cumprida
Ainda que de modo simples e humilde

Quem precisa mais
Do que algumas  melodias
E uns poucos instrumentos
Quando se tem o Maha-Mantra
E associação dos devotos?

do amor e suas trilhas nectarosas



Frente a mim um texto a ser escrito,
Como tantos outros já tiveram
Um sagrado tenso e antigo rito
Que pelas eras foi levando o grito
Daqueles que não eram

Um mente turbulenta, uma página vazia
Um prazo, dez dedos e muitas inquietações.
Além das brumas e dos castelos de ilusões
Passeio pelas teclas como um caminhante noturno:
Sem destino a não ser fruir
A própria noite incansável de seus passos
Que o leva a seguir o devaneio silente
Fluindo aquoso de seus atos insensatos

Enquanto lá fora chove uma água fria
Tento precipitar meu coração em versos brancos
Encontrar a poesia sentir a consciência
No que ela tem de desperta
Ser na tarde uma janela aberta

Sei o quanto essa formação moderna me atrapalha
Vou tomando decisões fatais e Investigando minúcias transcendentais
Sem ter certeza alguma sobre meu rumo definitivo
Tendo apenas vislumbres da possível saída tento
Apontar as velas para o vento que está a favor
Buscando encantar o prumo mundano
Assumo os riscos do meu destemor

Leio Pessoa, me inspiro...
Algo dentro de mim clama por poesia de modo insistente
Talvez ateasse fogo derrepente, sem motivo
Se em minha existência eterna
Não pudesse buscá-la:
Essa musa incerta, fugidia e louca
Que me assola o corpo a alma e boca
Por detrás do sentido inalcançável das palavras

Através dos dias, vivo os conflitos internos de existir
Sou como pássaros cantando
Mas que desejavam apenas florir,
Caso pudessem ser como as plantas
Caso pudessem esperar a primavera

Das escrituras védicas tenho recebido sinais
Que se entrelaçam com a vida e nunca são mais fortes
Do que aqueles caminhos irrefutáveis que ela pode me apontar

Da minha mente 
- incansável fonte de turbilhões e trapaças-
Sofro um anúncio de impermanências vastas:
transformações derradeiras e maravilhosas
surgindo, brotando nascendo
do amor e suas trilhas nectarosas

Ritmos do centro


Tranquilizei-me ao pé de um cactos
Sem espinhos busco entregar-me ao poema
Se tudo isso que sonhei em forma de amor
É que aquilo que se apresenta
No incerto rumo de meu caminho,
Sem questionar aceito.

Irrompendo o silêncio
Pousou um pássaro de luz
No ombro calmo de meus pensamentos.

Para escrever tenho de me tornar,
Incorporar a experiência da idéia
Para escrever tenho que amar

Eu barbudo e cabeludo,
Sempre meio desajeitado e tropeço
Carregando caixas de papelão
pelas ruas movimentadas do centro
Mais uma vez de mudança,
Mais uma vez em movimento

Desta vez saindo do centro,
Centro este que recebeu de ruas e noites abertas
Todos os instantes e exageros
Do meu eu esparramado,
Dilatado, distorcido, embriagado
Apaixonado por viver tranquilamente
Sua certeza lúcida de ver além da ilusão

Observando seu pôr-do-sol entre prédios
Ao lado da amada enamorando-se
Pela lua cheia, parado à beira da calçada
Enfrentando como quem navega
Seus mil olhares e destinos anônimos
Suas vidas que se cruzam e se atravessam
Vindas sempre de outro lugar
Sempre de outro lugar
Para aqui, de um modo meio caótico e intenso
Se movimentar em um fluxo inevitável.

Em um frenético encontro de instantes
Quantas canções já foram cantadas
Em nome dessa angústia estranha
Que nos causa seu pulsar de concreto,
Gasolina e compromissos...

Mas de um modo estranho
Sou apaixonado por você
Ó Curitiba,
Cidade grande de meus devaneios
De meus sonhos e anseios
Cidade grande da minha rebeldia
Minha eterna quarta-feira de cinzas
Meu blues atravessado, minha poesia
Minha tarde chuvosa, minha distopia

Cidade grande,
Centro: onde fica a paz do coração?

Por todos os passos que compartilhamos
Viajamos e trilhamos juntos
Te escrevo assim como em mim
Você inscreve seus ritmos irrefutáveis

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Sem saber o sentido do vento


a festa poderia não ter fim

a vibração do som transcendental

purifica minha consciência

Meu ser, com olhos e coração

Livres da dor

desgarrados da mágoa

Livres do apego


colocamos as asas

para aprender a voar

Sem saber o sentido do vento

A vida como um oásis


Aproveitar a estrada
por que a vida é como um oásis
uma trilha no deserto
e a terra prometida pode nunca chegar

E o viajante se desfaz no incerto
em busca de miragens
como uma imagem no ar

O sol que bate no asfalto
Ilude os Limites do céu

de um lado uma cidade de cupins
de um outro um latifúndio
enquanto uma rota do segundo
a estrada se fundo ao fim do mundo

A imensidão dos pastos
a lonjura nas vistas
São campos e mais campos
que parecem ser livre mas não são,
terras usufruidas pelo apetite da cidade
Ilusão

O roda moinho
indicou o caminho dos campos sem fim
Lupério Marília Lins
O Brasil e seus confins

Embora tudo isso seja preciso
as árvores nascem livres
sem que se queria
solitária em meio a latifúndio

Jogando Palavras com Deus


Nesse mundo de Deus tudo acontece

Tudo de Deus acontece nesse Mundo

Deus-Mundo acontece nesse de tudo

Tudo de Mundo acontece nesse Deus

Mundo de Deus acontece nesse Tudo

Acontece de tudo nesse Mundo-Deus

De Deus nesse mundo tudo acontece

Nesse mundo de tudo acontece Deus

Acontece mundo nesse Deus de tudo

Inútil


Gosto de ficar
sentado na calçada
Com quem
não espera por nada

Gosto de viver
nesse entre tempo
dos momentos
nesse entre momento
dos tempos

Como quem inverte
o intento utilitário do dia

Gosto de esquecer
compromissos
Subverter os ponteiros
vertendo deles o que há
de verdade

Assumir o risco
da irresponsabilidade

de escrever poesia
intuindo o desnecessário

Enquanto o mundo inteiro parece
buscar alguma coisa
eu me realizo
apenas

Do A ao Z


Do A ao Z

Antenam Araças
Bolsas Brincalhonas
Conversam Convergências
Discursivas Dissonâncias
Estudam Estrelas
Falseando Feitiços
Gestam-se Gritos
Habitam Helicópteros
Inutilizando Invenções
Jacarés Jogando
Kosmos Kantianos
Lampejos Letrados
Mamando Mamutes
Noites Nihilistas
Ocultam-se Obviamente
Pântanos Papeiam
Querelas Quotidianas
Rimando Riquezas
Sinestreiam Sabiás
Tatus Teóricos
Uivam Urgentemente
Verdades Vindouras
Whalt Whitman
Xistoso Xadrez
Yogando Ypês
Zarabatanam Zaratustras