quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sobre Aquela Sexta-Feira


Em uma noite de sexta-feira
a lua crescente derramou
seus raios da lua da de benção
e declarou:

que choveu sonoramente
a misericórdia para além da mente
sobre as ruas escuras do Largo Da Ordem

Subvertendo toda probabilidade
Indo muito além de qualquer previsão
Um grupo dançante e irradiante
-Declarando guerra contra a Ilusão-
saiu em cortejo com seus instrumentos
Védicamente afinados

Entoando os santos nomes de  Sri Krishna
com toda a força de seus pulmões
sem se importar com o vento frio
sem se importar com os olhares espantados
Que enfim se renderem e dançaram
Animados pela luminosidade incontestável

Canto que fazia retumbar
certa desordem divina e maravilhosa
Verdadiros Malucos e Malucas
Belezas buscado a pureza
tropicalistas transcendentais
entusiasmados na noite auspiciosa
loucos de Deus Sem medo da noite
sem medo do escuro ou da solidão
Apenas precisando ver o Luar
mergulhados em uma pira sem ressaca
irradiando e retumbando
a profecia perfeita de Sri Caitanya MahaPrabhu

Saíram do templo,
que muitos acreditavam já ter ido dormir
acompanhados e protegidos pela energia espiritual
de um devoto puro e pleno de amor por Deus

Floresceram cores
na noite escura da cidade
laranja roxo amarelo púrpura
azul verde e açafrão

Os olhos ébrios e vermelhos
daqueles que buscavam na matéria o prazer
quase não acreditavam na alegria que contagiava
Vindo daqueles que cantavam apenas uma canção
As dondocas arrumadas,
esperando na fila para entrar na balada
certamente espantadas com as roupas simples dos devotos
Animaram-se e dançaram também
Sob a cara feia dos policiais em fila,
Que certamente sentiram uma vontade- mesmo que pequena-
de estar ali vivendo tão alegremente

em uma noite de lua crescente
observando os atos do largo da ordem
um cortejo de devotos fez dançar
Toda a desordem dos iludidos
que mesmo sem se darem conta
estavam recebendo gotas do néctar supremo

para além da ressaca moral do ocidente racionalista
nos entregamos às marés da verdade absoluta
Sem medo de perder a compreensão da diferença
entendendo que tudo emana da pessoa Suprema
Vamos sendo harmonizados aos arranjos da verdadeira revolução

Olhando para fora do mundo
encontro a eternidade
refletida nos olhos daqueles que vêem
e buscam a verdade

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O criador certamente tem uma queda profunda por paradoxos



E Deus já sabia de tudo antes de criar o mundo
-Mudo silêncio da vastidão emanando-
Metrópole sarcástica plenitude
Cachoeira fluindo de sua ininterrupta vibração
Matriz misteriosa e inconcebível
Chafariz de novidades cíclicas
No eterno retorno de todos os ineditismos irônicos

Assim como por agora se encontra acontecendo
Ele, existindo de novo a cada nova parte de sua criação,
Já sabia de tudo e estava em tudo antes
Que tudo passasse a existir porém.
Repetindo ressoando em ritornelo
O fluir infinito na paleta de cores de um pintor
Sem limites ou pudores para olhar além.

Do mais sabe sabia soube
A poesia ,o desencontro e a desordem
De cada esquina de cada esquecimento
Deus sabia e ainda se lembra
De cada sofisma e de cada casamento
De cada silêncio e de cada sintoma
De cada orgasmo de cada marasmo
De cada futuro de cada viagem
De cada transgressão e de cada liberdade

De todo amor, carinho, raiva,
Tédio, prazer, loucura e euforia
Borbulhando como água fervente
Nos corações flutuantes de cada uma de suas criações
Impermanentemente angustiadas por sua energia ilusória

Milhares de religiões, xamanismos e práticas espirituais
São inventadas e concebidas nos universos
A cada instante do tempo relativo,
Encontro motivo no sono sabido que sinto na tarde
Deus sabia desse poema que agora escrevo
Antes mesmo dele nascer no meu tédio
Ou apontar seu faro frenético e calma
Nas antenas desejosas e famintas de minha poética bruxeleante

Penso que invento
Mas recrio sempre e sem escolha
A mística inédita
De viver um destino prescrito
A cada novo dia sem precedentes