quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

emanações do infinito

Não existem contradições
nas emanações do infinito
tudo transcorre com harmonia,
transcendental poesia essa da existência

Cai o pôr-do sol sobre a cidade
derramando seu banho dourado
Sobre as histórias cotidianas

Encobertos, condicionados
Apenas alguns poucos
atentam-se para benção

O sol
explode sua energia
sobre as retinas abertas

O tráfego
quase emudece
perante o silencioso
brilho intenso
dos raios de ouro

O dia
em ventania
ao céu em nuvens azuladas
oferece-nos um espetáculo

entardecer sempre esperado
sempre renovado

a cada eterno
instante em mutação
na superfície das nuvens coloridas

Teia e pétala

Instantes antes
de cair no chão
Um pétala rosada
é capturada
pela sutileza
de um dos fios
de uma teia
auspiciosamente
armada
por uma aranha
que, supostamente
não entendia
nada de poesia

verdade outonal

Uma verdade outonal
Bateu à porta
de meus dias lúcidos -
Vou despertando para o brilho do sol

E com mais clareza
tateando o imponderável:
Motivo orquestradamente
colorido, denso e impressionante
quando se busca
atingir em vida
as possibilidades sedutoras do incognoscível

Esse mistério que tanto me fascinava
Vento louco que me perturbava

Quereres


Queria que o tempo
parasse
para que escrevesse
sobre o seu passar

Queria compor
canções maravilhosas
e assim apenas com palavras
poder viajar

e com melodias potentes e cativantes
sinceras e envolventes,
reverberar
todo mistério
que carrego em meu peito

Queria compor álbuns
conceituais
sobre minhas experiências
transcendentais

O caderno

O caderno que carrego comigo
no vazio em branco
de suas páginas contém
todas as possibilidades
de minhas imaginuras
todas as viagens
de meus passos para o além

Passo ao largo
de promessas e pedidos
sou vento louco
carregando a tempestade
aleatoriamente
abro a página vazia
e sobre ela
precipito meus olhares

Quero rumos, incertezas, desafios
impulsionando-me para o distante de mim mesmo
onde encontro a satisfação certeira
no movimento de uma vida estradeira

Sem olhares o caderno me interfere
à tira colo sempre em meu colete
Sabe tudo o que ingiro,
tudo que calo
tudo que transfiro
da realidade para os atos de viver (in)versos


Atrás do museu de arte

No parque
Atrás do museu de arte
os burgueses levam
seus cachorros para passear

Como o dia é de sol
exibem inflados
seus óculos escuros
na tarde de um dia de semana

Eu- poeta- sentado em um banco
do mesmo parque
atrás do museu de arte

Apenas esperava a chegada
de algum verso ou melodia
no entre tempo dos compromissos
buscava em silêncio
a harmonia de uma nova canção

em verdade procurava
no miolo da tarde
encontrar alguma calmaria

para meu coração
desejoso de fuga

No banco de um gramado
atrás do museu do olho
enquanto os burgueses
passeavam com seus cães

Minhas retinas sonoras
buscavam lúcidas
os silêncios, os palpites
escondidos na desilusão

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Brisa movente do tempo II


Tudo por que andava distraído
e um dia soprou de leve
a brisa movente do tempo
sobre minha face sedenta de chuva,
e sol poento, e estrada presente
nas escolhas atadas à sina do grande amor

e viajei emocionado com todas as possibilidades de viver
Queria encontrar cada amigo, com no mínimo
uma madrugada para conversar
e compartilhar com eles sem mal entendidos,
posto que não há alegria maior
do que uma comunicação bem estabelecida,

Todo Indizível de nossas passagens e travessias,
Ainda não terminadas
Toda maravilha, toda poesia, todo espanto
De nossas conversas improvisadas
Poemas temporários,
Dias sem itinerários
Que como castelos de areia
À beira da praia
Se desfizeram com o beijo das ondas

A brisa movente do tempo

Um dia soprou de leve
a brisa movente do tempo
Dois passos que dei derrepente
Tropeçaram no porém do futuro

O que dizer do ininterrupto
fluxo secreto da vida?
O que silenciar
no segredo que emana do fim?

Sou pouco para tanto viver,
Sou muito dentro os tanto tropeços
e entre os erros que cometi
os arranjos que me conduziram
ainda espantam com a surpresa de tudo,

o mistério conduzindo lembranças
sugere o rumo perdido
de todas as viagens realizadas

Tantos sorrisos, canções, praias
rios, cachoeiras e madrugadas,
entorpecido me encontro
pela própria potência da vida!

Ah! Ainda há tanto para se fazer,
tantas estradas a percorrer...
tanto já me fascinei com todos os sonhos vividos:
fluxo sequência de acontecimentos sem fim
lábio reluzente em noite de lua cheia
Paisagens em movimento na Janela lateral
Todas as rotações das incontáveis estrelas dos inumeráveis universos
e tudo o que queria é pouco para o tanto,
lapso de eternidade provável que em resíduo último sou...

Infinito buscado de cada segundo
Promessas lançadas no passado distante
Tudo isso me engrandece e me ridiculariza
como a trajetória humana de cada entidade viva
encarnada neste corpo destinado ao prazer e à transcendência!

Ah! Ainda há tanto para enfrentar, tanto para amar, tanto para sonhar...
tanto no entretanto de tantos poréns
que assolam o enquanto desse além de que nunca chega
Esse desafio de aprender a cada desencontro
a responsabilidade de manter-se louco, ao menos um pouco
sendo amor da cabeça aos pés
apesar dos compromissos, apesar de tudo:
esse futuro que tecemos a cada aurora
esse mistério gostoso de cada entardecer

Seja o dia paleta densamente colorida
Ou de moldes cinzentos definitivamente opacos,
vivemos e tecemos nosso rumo incerto,
estradar movente da vida que nos guia

O sol que nos movimenta em suas rotações
Peregrinações cíclicas em torno do centro do universo

Entre o silêncio da contemplação
e o êxtase do cantar transcendental
multiplica a existência ínfima de meu temporário
Karma Terreno...